Não é de passagem o que fizeram em nós
É a passagem tratorada na terra da sacanagem
Acinzentaram-nos, nublaram e turvaram a nossa foz...
Diabos esbaldam-se em caldeirões de tinturas acajus e em rinsagens
Rinsagens emergidas da terra, do pó, fixaram-se nas cabeças de homens, feito Ló
Terra pouca debaixo das unhas do trabalhador, suor, calor e dor, a engrenagem
Guardados, em sacos de supermercados, traia pouca, bobagem, amarrada com nó
Cidade ou campo, total desencanto, não há miragem, estamos esturricados na estiagem
O fogo da coragem que arde em nós, suportando dores a mais, sairemos desse quiproquó
Quadrilha de cabeças pintadas, metalizadas, acinzentadas, destruíram a nossa paisagem
Um povo, feito uns bocós, traídos, desgraçados, ignorados, povoadores do xilindró
Em letras desconexas, país árido nos afeta, desolados, vemos helicópteros em aterrisagem
Enfileirados, na arena nacional, sem dó, um golpe nos derruba em efeito dominó.
(Raquel Anderson)