Com a alma arranhada pelas permissividades concedidas, agindo, sempre, com boas intenções, muitas de nós, priorizamos menos a mulher que somos, nos doamos, incondicionalmente, sangrando, ferimo-nos!
Teimosamente, ressindimos, repetimos, esfolamo-nos e, de tanto permitir, calar, de tanto baixar, mostramos a bunda. Por estarmos com a bunda exposta, fluem os empurrões, naturalmente, levamos solavancos, saímos catando gravetos....
Decepções, frustrações, traições, utilitarismos, conhecemos, para além dos clichês, para além dos manuais e conhecimentos comportamentais freudianos.
Carregando dores e carências, a gente se equilibra na "corda bamba de sombrinha", a gente se alinha, se realinha, respira fundo o mais fundo do profundo respirar...e contamos até mil, dois, três, dez mil...
É no ser poético que reside a essência, no nosso jeito feminino de ser e o rio de emoções que nos banham tem a nascente, a enchente habitadas nas correntezas que ondeiam em nossas vidas.
Por que temos resistências em falar sobre os nossos nós? O feminino transbordante de sensibilidade que leva porrada gratuita espelhado na dicotomia do ser masculino que treme de medo de uma mulher.
E vamos colecionando hematomas na alma, acolhendo, acatando e catando, muitas vezes, sem querer, a força que não queremos, o orgulho que não é nosso, as cedências que nos impõem.
Dentre nós há quem viva para provar tudo o tempo todo, para provar que é confiável, correta, decente, ética, humana, solidária, companheira, feliz, bem humorada, feitora de concessões....
Humanamente esperançamos por novos tempos, novos rumos, novo ano, renovações, capacidades de mudanças...esperançar é mais do que esperar, esperança é o sentimento da possibilidade da realização do que se deseja, é confiança e espera remete ao imediatismo...
E a gente, atenta, tenta, reinventa, se cansa, cancela e desiste!