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Base do tri-mundial, berço de Garrincha e Pelé, clássico Bota x Santos faz 100 anos

Hoje em baixa, adversários deste sábado polarizavam as atenções nos anos 50 e 60 e paravam o país para assisti-los.

03/08/2018 - 19h46

Globo Esporte

Clássico completa 100 anos (Foto: Reprodução/Globo Esporte)

O clássico interestadual Botafogo x Santos completa 100 anos de história em 2018, e o primeiro encontro no ano do centenário será neste sábado, às 16h (de Brasília), no Estádio Nilton Santos (como foi rebatizado o Engenhão), pela 17ª rodada do Campeonato Brasileiro. 


Se os clubes atualmente andam em baixa, com decepções em campo e demissões de técnicos nas últimas semanas, no passado eles já foram os protagonistas no Brasil e faziam o país parar para assistir seus confrontos nas décadas de 50 e 60.


Os alvinegros de General Severiano e da Vila Belmiro têm muito mais em comum além das cores, das camisas com listras verticais e da proximidade com o mar. Uma história que começou em 14 de abril de 1918, dia do aniversário do Santos, que venceu o amistoso festivo em casa por 8 a 2. De lá para cá, já foram realizados 107 jogos, marcados 337 gols, disputadas cinco "finais", revelados dois dos maiores jogadores de todos os tempos e garantidos três títulos mundiais para a Seleção.


Isso mesmo, sem nenhum exagero. Quando o Brasil conquistou suas primeiras Copas do Mundo, em 1958, 1962 e 1970, a base da equipe era formada pelos dois clubes. Por exemplo, na final da Taça Brasil – uma das precursoras do Campeonato Brasileiro) – de 1962, havia 11 jogadores da Seleção em campo, sendo oito titulares e três reservas. Pelo Botafogo, Garrincha, Nilton Santos, Amarildo e Zagalo. Pelo Santos, Pelé, Gilmar, Mauro, Zito, Mengálvio, Coutinho e Pepe.


Considerados os melhores times da época e atraindo multidões para os estádios, o clássico interestadual chegou a ser chamado de "o maior jogo do mundo" pelo jornalista Ney Bianchi, da extinta revista "Fatos e Fotos”. A repercussão era tanta, que emissoras de televisão passaram a abrir as transmissões dos jogos para outros estados, algo raro naqueles tempos.


Títulos e rivalidade

Pelé e Garrincha se cumprimentam durante jogo (Foto: Reprodução)

Botafogo e Santos eram não só as melhores equipes do Brasil, como foram consideradas entre as mais fortes do planeta, e por isso eram convidadas para participar de torneios em outros países. Foi assim que os dois clubes decidiram o primeiro título em La Coruña, na Espanha, em 1959: o Troféu Teresa Herrera, uma das competições de verão de maior prestígio na Europa. E o Peixe levou a melhor, ficando com a taça após vencer por 4 a 1.


Em 1966, o Botafogo deu o troco em Caracas, na Venezuela. Foi no Torneio Círculo de Periódicos Deportivos, competição de tiro curto jogada anualmente no país, entre os anos 50 e 70, e que representou uma precursora dos atuais Mundiais de Clubes da Fifa. O Glorioso venceu os dois jogos contra o Santos, por 2 a 1 e 3 a 0, e ergueu a troféu. No Brasil, houve ainda mais três "finais": a Taça Brasil de 1962, a Taça Rio-São Paulo de 1964 e o Campeonato Brasileiro de 1995.


Apesar da polarização dos clubes na época, não havia grande rivalidade entre eles, tampouco de cariocas e santistas. Tanto que o Peixe fez do Rio de Janeiro sua casa em vários jogos e disputou até final de Libertadores no Maracanã. Mas os nervos à flor da pele, típicos de clássicos, apareceram mesmo na final da Taça Rio-São Paulo de 1964. Após terminarem empatados, o título seria decidido em uma melhor de três partidas. O Botafogo ganhou a primeira por 3 a 2 com muita confusão.


O Santos chegou a empatar o jogo, mas a arbitragem anulou alegando que a bola não entrou toda, causando a revolta do Peixe. Os jogadores do Botafogo também se indignaram, foram tirar satisfação, e a confusão tomou conta. Pelé, Manga e Paulistinha foram expulsos, e os santistas abandonaram o campo em protesto antes do fim da partida. Faltaria mais duas partidas ainda, mas não houve datas disponíveis para tal, e o título acabou dividido entre as equipes.


E na final do Brasileiro de 1995, o Botafogo foi o campeão após vencer por 2 a 1 no Maracanã e empatar por 1 a 1 no Pacaembu. Mas o jogo em São Paulo foi recheado de erros de arbitragem: o gol de Túlio Maravilha estava impedido; o empate de Marcelo Passos foi após mão de Marquinhos Capixaba; e o que seria o gol da virada, de Camanducaia, em posição legal, foi anulado por impedimento. Jogo que todo santista reclama até hoje...


A série invicta do Botafogo de oito anos (12 jogos) sem perder para o Santos, entre 1965 e 1972, repercutiu muito na época. Eles também foram adversários na abertura do primeiro Campeonato Brasileiro organizado pela CBF em 1971. E a recente troca de Jair Ventura, de General Severiano para a Vila Belmiro, aqueceu um pouco dessa rivalidade que já há muitos anos está adormecida. Até mesmo quando a discussão envolve os maiores ídolos de cada clube: quem foi mais genial?

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