Apesar de ser flagrado em grampo telefônico conversando com o empresário João Amorim, o presidente da Câmara de Vereadores de Campo Grande, Mario Cesar (PMDB), garantiu nesta terça-feira não ter qualquer participação em suposto esquema de compra de votos visando cassar o mandato do então prefeito Alcides Bernal (PP).
Em entrevista ao portal G1MS, o vereador declarou que “é uma armação” o fato de ele ser sido apontado como suspeito de envolvimento em esquema de combinação de votos para a sessão que cassou o mandato do progressista.
Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal com autorização da Justiça mostram o vereador conversando com o empreiteiro João Amorim, um dos investigados pela operação Lama Asfáltica, que apura fraudes em licitações e superfaturamento de obras em Mato Grosso do Sul.
Mario Cesar afirmou que o diálogo dele com Amorim foi editado. “Neste período, também fomos hostilizados e até maltratados em sessões comunitárias, mas continuamos com nosso trabalho, porque sabíamos que Campo Grande não estava bem. Acredito que o que está sendo feito é uma armação, não se pode atribuir uma fala que seria opinião pessoal minha com todo nosso trabalho e os anos de história dessa cidade”, destacou.
Ainda sobre as gravações feitas na operação Lama Asfáltica, o presidente da Câmara negou que ligou para Amorim para falar de vereadores e ressaltou que, na ocasião, estava dizendo o emocional daquele momento, já que estava sendo cobrado e porque, segundo ele, Campo Grande estava um caos.
“Isso é um fator diminuto em relação a magnitude do processo. Estão querendo cortar uma fala, um trecho de uma conversa, e acabar com todo trabalho realizado pelos vereadores. Eu não liguei para falar de vereadores, nada disso.”
Mario Cesar disse que a Câmara tentou restabelecer uma relação harmoniosa entre os poderes, o que incluía o então prefeito Bernal, no entanto, isso não aconteceu. O peemedebista destacou que foi um período em que houve várias manifestações na cidade e que denúncias apontavam, entre outros fatos, falta de merenda nas escolas e de limpeza nos postos de saúde.
“Por conta de todos os problemas vivenciados, a Câmara tinha uma linha lógica de raciocínio e neste momento, por conta desta operação, o trabalho todo está sendo desmerecido, incluindo a CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] do Calote que nós fizemos. Eles deram oportunidade das pessoas se defenderem.”
O presidente do Legislativo campo-grandense finalizou dizendo que foi um ano de trabalho em que os parlamentares agiram na “liturgia, legalidade e legitimidade” e garantiu que João Amorim não tem influência no Legislativo. “Não foi o grande o empresário que pautou o nosso trabalho, e sim mães e diretores de Ceinfs [Centros de Educação Infantil] que compareciam na Casa fazendo denúncias.”