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Bolsonaro divulga hoje à noite a lista de países que compram madeira ilegal

Presidente não diz, porém, se comentará sobre a crise no Ibama e a flexibilização de normas ambientais, que facilitam as irregularidades

19/11/2020 - 09h07

De Brasília 

O presidente Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Correa/PR)

O presidente Jair Bolsonaro mantém a postura de ataque a países que, segundo ele, importam madeira ilegal do Brasil, mas acusam seu governo de permitir o desmatamento da Amazônia. 


O chefe do Executivo prometeu divulgar, hoje, na live que faz todas as quintas-feiras, o nome das nações que comprariam o produto de forma irregular. Na terça-feira, durante a cúpula do Brics (bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), ele já tinha mencionado que divulgaria a lista. “Estaremos mostrando que esses países, alguns deles que muito nos critica, em parte, têm responsabilidade nessa questão”, afirmou, na ocasião.


Bolsonaro acusa outros países, mas não trata do desmonte que ocorre no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) nem sobre as flexibilizações nas normas ambientais. Em março, o órgão revogou uma norma que previa a fiscalização nos portos onde madeiras são embarcadas para as nações compradoras.



Na época da decisão, madeireiros do CIP (Centro das Indústrias do Pará) parabenizaram o presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, com uma “nota de agradecimento”, por ter liberado a exportação de madeira de origem nativa, sem a necessidade de autorização específica. Com o fim das inspeções dos portos, os produtos florestais passaram a ser apenas acompanhados de um documento de origem florestal (DOF). Esse DOF de exportação, que existe desde 2006, serve, na prática, apenas para que a madeira seja levada até o porto, enquanto a instrução normativa previa autorização para a exportação em si.


Na avaliação de Alessandro Azzoni — diretor da Comissão de Direito Ambiental da Ordem dos Advogados do Brasil/SP —, falta comunicação, por parte do Executivo federal, com outros países para tratar da Amazônia, mas o discurso do presidente serviu para garantir a soberania do país. “Acredito que o presidente e o ministro Salles (Ricardo Salles, do Meio Ambiente) acabam inflamando o discurso e não mostram o trabalho que é feito. Mas a lista dos países serviu para dar uma resposta aos países que colocam o dedo na nossa cara e questionam a soberania da Amazônia”, ressaltou.


Para Suely Vaz de Araújo, ex-presidente do Ibama, a mudança recente na fiscalização dos portos pode alimentar a ilegalidade das exportações. Com a ausência de verificação, é impossível fazer estimativas desse mercado clandestino, conforme ressaltou. 


“Sem essa etapa específica, a fiscalização acaba ficando mais fraca. A partir do momento em que a madeira chega ao porto, pode ter qualquer origem, e todas as fases anteriores podem ter sido adulteradas”, argumentou. “Infelizmente, o Ibama vive, hoje, um desmonte, e a política ambiental está cada vez mais enfraquecida.” Correio Braziliense. 

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