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Citados em delação da JBS, deputados estaduais negam recebimento de propina

Zé Teixeira (DEM) levou à tribuna da Casa de Leis diversos documentos e detalhou ganhos e operações financeiras particulares, como produtor rural. "

23/05/2017 - 16h48

Campo Grande

Zé Teixeira durante discurso na tribuna (Foto: Divulgação )

Citados na delação premiada  pelo empresário Joesley Batista, um dos donos do Grupo JBS, deputados estaduais da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, além de negarem recebimento de propina, reagiram com duras críticas às acusações. 


Os parlamentares se manifestaram durante a sessão desta terça-feira (23), e contestaram as afirmações de Joesley Batista e do diretor de Relações Institucionais do Grupo JBS, Ricardo Saud, que detalharam, mediante delação, suposto esquema de distribuição de propinas a políticos de todo o Brasil. 


Lidio Lopes (PEN) foi o primeiro a subir à tribuna para prestar esclarecimentos.


“Em 2014 era permitido doação de pessoa jurídica. Eu tenho em mãos a prestação de contas para provar que recebi R$ 25 mil em doações da coligação. Eu não recebi propina alguma ou pagamento dissimulado de ninguém. Tudo está oficialmente e legalmente declarado. Eu não sabia que o partido tinha recebido da JBS, eu nem sei quem é esse cidadão da JBS, nunca me prestei a votar nada que beneficie a JBS. Que culpa nós temos?”, questionou o deputado. 


Eduardo Rocha (PMDB) concordou. “Não conheço e nunca recebi nenhum dos irmãos. Nunca recebi doação das indústrias deles em Três Lagoas. Eles que fugiram para os Estados Unidos. Vamos levar isso para a Justiça. Fica aqui nossa indignação”, ressaltou. 


O deputado Renato Câmara (PMDB) explicou que também recebeu doação via fundo partidário. “Existe esse fundo, em que você sai candidato e recebe um recurso que, vai para a chapa majoritária e depois é repassada para o candidato lá do interior, que usa para pagar material de campanha. Temos que ter cuidado de colocar nossas reputações, que estamos trabalhando por décadas. Eu não admito jogá-la assim na lama. Quem tiver culpa que esclareça e quem não esclarecer que seja condenado, mas não com especulações”, disse. Também com recurso recebido via chapa majoritária, o deputado Marcio Fernandes (PMDB) disse que sua prestação de contas está aprovada. “Na época da eleição eu estive na chapa de partido aliado ao PMDB e recebi recurso da majoritária, um cheque de R$ 25 mil. Prestei contas, que foi aprovada pelo Tribunal Eleitoral, nunca soube que era recurso doado pela JBS”, disse.


Para Mara Caseiro (PSDB), a situação está deturpada. “Querem deturpar as coisas. Colocar nosso nome para ser explorado injustamente e ilegalmente. Se em 2014 era permitido receber essas doações, não tem nada de errado nisso. Usamos esse dinheiro para material de campanha e pagar colaboradores, tudo legalmente”, afirmou. 


Antonieta Amorim (PMDB) falou que os deputados discursaram de forma a “esclarecer os fatos e não em defender, pois não foi infringida a lei”. “Nossas contas foram aprovadas e nenhum processo paira sobre nós quanto a isso. A sociedade que está sendo manipulada por uma imprensa e por um Judiciário que não nos dá a possibilidade de defesa”.


Satisfação ao MS


Zé Teixeira (DEM) levou à tribuna da Casa de Leis diversos documentos e detalhou ganhos e operações financeiras particulares, como produtor rural. "Tenho escritório de compra e venda de bois em Dourados há 33 anos, compro e vendo para vários frigoríficos e, entre eles a JBS, e fiz questão de vir aqui e dar uma satisfação, não com palavras, mas com documentos, à sociedade sul-mato-grossense", disse o deputado, que relembrou a trajetória de seis mandatos no Legislativo estadual.


Ele apresentou os extratos da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), detalhou operações de compra e venda realizadas em 2015 e 2016, com apresentação de guias de recolhimentos de impostos, bem como os extratos do Imposto de Renda (IR) e informou que é proprietário atualmente de 7.096 mil cabeças de gado. "Sou responsável pelo embarque e a sanidade da porteira para dentro das minhas fazendas, mas da porteira para fora é problema deles", reiterou. 


O deputado lembrou que não há denúncia formal e nem mesmo provas contra ele, e alertou para a onda de denuncismo proveniente de delações premiadas. "Isso não pode ficar impune, porque existe apenas delato e muitas contradições e estão jogando lama no País inteiro, mas eu não devo nada a ninguém, nunca recebi dinheiro da JBS e abro as prestações de contas de todos meus mandados a todos que quiserem ver", disse. "Eles [JBS] começaram do nada e fizeram a maior fortuna com dinheiro do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], enriqueceram de forma fraudulenta e com apoio de autoridades", complementou.


Zé Teixeira defendeu a concessão de incentivos fiscais às empresas, o que contribui com o desenvolvimento econômico dos estados, e ressaltou a importância da criação da Comissão Especial para apurar a “atribuição ao chefe do Executivo Estadual a concessão de benefícios fiscais em troca de possível recebimento de propina, na quantia de R$ 45.631.696,03, que caracteriza conduta atentatória a probidade administrativa”. Com ALMS.

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