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Governo recebe chineses e russos para discutir vacinas

O governo federal realizou reuniões com a empresa chinesa Sinopharm e com membros do Fundo de Investimento Direto da Rússia.

11/08/2020 - 17h05

De Brasília 

Vista do Palácio do Planalto em Brasília (Foto: Divulgação )

Além de encaminhar o acordo para fabricação na FioCruz (Fundação Oswaldo Cruz) de vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, do Reino Unido, e a farmacêutica AstraZeneca, o governo federal tem recebido representantes de outros países interessados em trazer ao Brasil medicação para imunizar a população contra a covid-19.


Na última terça-feira, 4, durante a manhã, o Ministério da Saúde realizou reunião com a empresa chinesa Sinopharm. À tarde, as tratativas foram sobre sobre vacina desenvolvida pela Rússia, com representantes do Fundo de Investimento Direto da Rússia (RDIF) e técnicos do governo brasileiro. Nesta terça-feira (110, presidente Vladimir Putin afirmou que a Rússia se tornou o primeiro país do mundo a provar a regulamentação da vacina.


O Ministério da Saúde fez questionamentos sobre as características de cada vacina, estimativas de preço para produção e apontou interesse em manter diálogo sobre o desenvolvimento das drogas. 

Representantes da Fiocruz também manifestaram interesse apoiar pesquisas clínicas destas vacinas no Brasil.


O governo do Paraná discute parceria para desenvolver as duas vacinas por meio do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar).


Os estudos sobre a vacina russa geram dúvida na comunidade científica. As pesquisas para a vacina estão na fase 3, a última e mais importante das etapas de produção de uma vacina, afirma o governo Putin. Os desenvolvedores da droga, porém, não divulgaram estudos em nenhuma revista científica sobre os resultados, duração e os detalhes das fases anteriores. Além disso, a vacina foi aprovada após menos de dois meses do início dos testes em humanos.


Um técnico do governo federal que participa de reuniões sobre parcerias para produção de vacina contra a covid-19 disse ao Estadão que há desconfiança sobre a droga da Rússia. O ministério apontou interesse em manter o diálogo com o governo Putin, mas pediu dados mais consistentes sobre os estudos para fabricação da droga. 


Ele observa que a vacina russa está em "fase 1", conforme a OMS (Organização Mundial da Saúde). Nesta etapa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não aceitaria o registro da droga, que antes teria de passar por testes em milhares de pessoas para avaliar a eficácia e segurança.


A OMS aponta que seis vacinas estão em fase 3 de pesquisa, a última antes do pedido de registro da droga.


A aposta do governo federal, por enquanto, é no modelo desenvolvido pela farmacêutica britânica AstraZeneca e a universidade de Oxford.


O ministério espera receber 100 milhões de doses desta vacina, cuja tecnologia de produção deve ser repassada ao Instituto Bio-Manguinhos, unidade da Fiocruz. A previsão é de que uma primeira parcela de 15 milhões de doses seja aplicada em janeiro. 


Na última quinta-feira (6), o presidente Jair Bolsonaro liberou cerca de R$ 2 bilhões, via medida provisória, para viabilizar a produção da droga na Fiocruz.


O vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, afirmou ao Estadão que, apesar de o ritmo acelerado dos estudos clínicos, o governo não abrirá mão de eficácia e segurança das vacinas. 


"Mesmo com protocolos rápidos, para atender a pandemia, os estudos são feitos com consultas às agências reguladoras, como a Anvisa. Serão feitas todas as etapas: 1, 2 e 3. E respeitando número mínimo de pacientes testados", disse ele, que participa de tratativas do governo federal sobre a aquisição de vacinas.

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