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Maia ameaça deixar articulação política da Previdência

Irritado com posts de filho de Bolsonaro, presidente da Câmara ligou para Guedes e disse que vai abandonar a busca de votos 

22/03/2019 - 08h45

De Brasília

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avisou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta quinta-feira (21) que deixará a articulação política pela reforma da Previdência. Maia tomou a decisão após ler mais um post do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), com fortes críticas a ele. Irritado, o deputado telefonou para Guedes e disse que, se é para ser atacado nas redes sociais por filhos e aliados de Bolsonaro, o governo não precisa de sua ajuda.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) (Foto: Adriano Machado/Reuters)

A ligação do presidente da Câmara para o titular da Economia foi presenciada por líderes de partidos do Centrão. Maia está irritado com a ofensiva contra ele nas redes, com a falta de articulação do Palácio do Planalto e com a tentativa do ministro da Justiça, Sergio Moro, de ganhar mais protagonismo na tramitação do pacote anticrime. 


"Eu estou aqui para ajudar, mas o governo não quer ajuda", disse o presidente da Câmara, segundo deputados que estavam ao seu lado no momento do telefonema. "Eu sou a boa política, e não a velha política. Mas se acham que sou a velha, estou fora."


Carlos Bolsonaro, o filho "zero dois" do presidente, compartilhou ontem nas redes a resposta de Moro à decisão de Maia de não dar prioridade agora ao projeto que prevê medidas para combater o crime organizado e a corrupção.


"Há algo bem errado que não está certo!", escreveu Carlos no Twitter. O texto acompanhava nota de Moro, divulgada na noite de quarta-feira, rebatendo ataques de Maia à sua insistência em apressar a tramitação do pacote. 


"Talvez alguns entendam que o combate ao crime pode ser adiado indefinidamente, mas o povo brasileiro não aguenta mais", afirmou Moro. Além disso, no Instagram, Carlos lançou uma dúvida: "Por que o presidente da Câmara está tão nervoso?".


Ao ler essas mensagens, Maia não se conteve, pois, dias antes, já havia sido chamado de "achacador". 


A interlocutores, o deputado disse que não era possível ajudar a obter votos favoráveis ao governo nem mesmo construir a base aliada de Bolsonaro na Câmara sendo atacado desse jeito. 


Além disso, deputados e senadores do PSL - partido de Bolsonaro - comemoraram ontem a prisão do ex-presidente Michel Temer, que é do MDB, e houve quem associasse o presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, ao PCC (Primeiro Comando da Capital) em São Paulo.


Em conversas reservadas ao longo do dia, Maia disse não entender esses movimentos, que só afastam possíveis aliados do MDB e do PSDB.


Muitos 'bombeiros' entraram em ação


Guedes procurou acalmar Maia. O presidente da Câmara tem fama de "temperamental" e há até mesmo entre seus amigos quem o esteja aconselhando a recuar da decisão de deixar a articulação pela reforma, da qual é o fiador na Câmara. Na prática, muitos bombeiros entraram em ação para apagar o novo incêndio político.


Bolsonaro foi, mais uma vez, aconselhado a conter seu filho para evitar uma crise em um momento no qual o governo precisa de votos para aprovar as mudanças nas regras da aposentadoria, consideradas fundamentais para o ajuste das contas públicas. 


No sábado, em um churrasco na casa de Maia, um interlocutor também já havia dito a Bolsonaro que ou ele dava "um basta" na guerra promovida nas redes sociais ou a situação ficaria complicada para o governo. 


O recado ali, como mostrou o Estado, foi o de que até mesmo ele poderia ser considerado avalista das agressões virtuais. Bolsonaro respondeu que não tinha como controlar seus milhões de seguidores.

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