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Paulo Corrêa apresenta relatório prelimiar da CPI do Cimi na segunda

Colegiado deve votar relatório final no dia 10 de maio

28/04/2016 - 15h49

Campo Grande

Membros da CPI do Cimi em reunião (Foto: ALMS)

O deputado estadual Paulo Corrêa (PR) marcou para a próxima segunda-feira (4) para apresentar o seu relatório da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apura se o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) é responsável pelas invasões de terras produtivas em Mato Grosso do Sul.


A votação do relatório de Corrêa ocorrerá no dia 10 de maio, a partir das 14h, no Plenarinho da Assembleia Legislativa.


De acordo com a presidente da comissão, deputada Mara Caseiro (PSDB), haverá uma sessão anterior, no dia 4, para leitura do relatório preliminar. Depois disso, os parlamentares que integram o colegiado poderão propor alterações no texto.


Com as sugestões de modificações, o relator, deputado Paulo Corrêa (PR), fechará o relatório final, a ser apresentado dia 10.


Hoje de manhã, Mara Caseiro, Paulo Corrêa, Onevan de Matos (PSDB) e Pedro Kemp (PT) reuniram-se para abrir e ler as atas de duas sessões secretas, que ocorreram no decorrer dos trabalhos.


Ao todo, a CPI do Cimi promoveu 22 sessões, quando foram ouvidos delegados, indígenas, antropólogos e membros da organização investigada.


Segundo Mara Caseiro, encerrados os trabalhos, o relatório será encaminhado para todos os órgãos que possam tomar providências a respeito dos fatos.


"Vamos encaminhar ao Ministério Público, Presidência da República, Câmara dos Deputados, Senado, ou seja, a todos que possam agir e colaborar com soluções para que essa organização e seus tentáculos parem de pregar o ódio e a guerra no campo em nosso Estado", concluiu.


DEPOIMENTO


Na quarta-feira, o professor e pesquisador Wanderley Dias Cardoso e a cacique Enir Terena, da aldeia urbana Marçal de Souza, foram ouvidos pela CPI e confirmaram que o Cimi controla o Conselho do Povo Terena desde sua fundação, causando desavença nas aldeias e enfraquecendo as verdadeiras lideranças indígenas.


Wanderley, que é doutor em História e morador da aldeia Limão Verde (Aquidauana), afirmou que pessoas diretamente ligadas à entidade participaram da fundação do Conselho, em 2011, como o advogado Luiz Henrique Eloy Amado, que até hoje controla a organização indígena ao lado de Lindomar Terena e professor Alberto França.


Enir Terena também confirmou que um homem conhecido como “Paulinho”, do Cimi, presidiu os trabalhos que resultaram na formação do Conselho. Ela complementou afirmando que os indígenas são usados por essas organizações, que atrapalham a luta indígena pela terra e por melhores condições de vida.


“Peço que vocês não desanimem, porque os povos indígenas não são caso perdido. Tenho certeza que dessa CPI vai sair uma solução. Tenho 61 anos e quero estar viva para assistir isso”, afirmou Enir da Silva Bezerra, que estava no plenário acompanhando a oitiva e pediu aos membros da CPI para fazer uma contribuição. Ela foi convocada para depor, mas por orientações médicas e por sua saúde inspirar cuidados, não pôde prestar esclarecimentos.


Wanderley Dias explicou que a figura do cacique sempre foi a mais importante dentro de um grupo indígena, mas que, depois da criação do conselho, essa autoridade foi sobreposta e enfraquecida.


“O Conselho do Povo Terena toma decisões em nome dos povos indígenas do Pantanal sem consultar ninguém. Antes, era a Funai que emitia documentos indígenas, mas hoje o Conselho Terena diz quem é índio e quem não é índio, fazem indicações políticas, e tudo em nome dos caciques. Só que eles não têm apoio das lideranças, trazem só desavença e divisão para as aldeias”, enfatizou.


Um exemplo disso foi a indicação de Lindomar para ocupar o cargo de coordenador do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena). Ele foi ouvido nessa segunda-feira (25) e disse que ocupa o cargo com apoio da maioria das lideranças indígenas. No entanto, foi desmentido no mesmo momento por três índios e hoje por Wanderley.


“Eles não consultam ninguém para indicar, e se você for ver, o apoio que ele tem não passa de 30 ou 40% dos caciques. O que eles decidem está fora da pauta indígena”, disparou.


Para Mara Caseiro, ficou claro de que maneira o Cimi se infiltra entre os povos indígenas para controlar e manipular em benefício próprio.


“O que a gente vê é que tem um organismo que chega nas aldeias e fala que vai melhorar a vida dos povos indígenas, mas causa desavença e traz muitos problemas para as comunidades”, observou.

Wanderley também confirmou que as lideranças indígenas não são consultadas sobre as viagens internacionais de Lindomar Terena e seus parceiros, incluindo destinos como África e Estados Unidos. Também não há prestação de contas do que foi tratado nesses eventos realizados no exterior.

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