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Políticos de pijama pagavam até R$ 1 mil por programa com menores

Rede de exploração sexual que envolve políticos é investigada.

01/12/2015 - 07h44

Da redação 

Campo Grande

Ex-deputado estadual Sérgio Assis (Foto: Divulgação )

O julgamento de envolvidos em rede de exploração sexual em Campo Grande está previsto para acontecer ainda nesta semana e as penas podem passar de 15 anos de prisão, informa o Portal G1.


O programa com uma adolescente em Campo Grande custava até R$ 1 mil para os políticos de pijama, ou seja, aqueles que já não exercem mandato eletivo, mas continuam participando de campanhas eleitorais. 


A rede de exploração sexual de crianças e adolescentes que envolveu políticos e empresários de Campo Grande privilegiava meninas mais novas. Em reportagem exibida no MSTV 1ª Edição desta segunda-feira (30), a juíza da Infância, da Juventude e do Idoso, Katy Braun do Prado, afirmou que, quanto mais nova era a criança, mais valorizada ela é nesse mercado de exploração sexual.


“Antes da primeira experiência sexual, elas [meninas] também tem um valor, digamos assim, maior, inclusive há relatos de leilão de virgindade de meninas”, declarou a juíza.


Os detalhes do esquema foram mostrados no Fantástico de domingo (29), em reportagem produzida em parceria com a TV Morena. As vítimas eram meninas pobres da periferia da capital sul-mato-grossense, aliciadas para satisfazer os caprichos de homens ricos e poderosos. Segundo a investigação do Ministério Público, o esquema existe há mais de dez anos.


Mercado do sexo


O esquema é investigado pela Polícia Civil e o Ministério Público há oito meses. Dezenas de homens são suspeitos de pagar por programas sexuais com crianças e adolescentes. Um deles é o ex-vereador Alceu Bueno, que foi filmado em um motel com duas adolescentes de 15 anos. O advogado Fabio Thedoro de Faria disse que Bueno nunca fez parte de rede de prostituição infantil ou de menores ou pedofilia.


A gravação, feita pelas próprias garotas, serviu para que Alceu Bueno se tornasse alvo de uma chantagem. O cafetão Fabiano Otero exigiu dinheiro do ex-vereador. A extorsão ajudou a polícia a desmontar o esquema. Denunciado, Otero foi preso em flagrante quando ia receber R$ 15 mil de Alceu Bueno para não divulgar as imagens. Na cadeia, ele resolveu colaborar com a investigação para tentar diminuir a pena e contou detalhes dos crimes e os nomes de diversos envolvidos.


A primeira pessoa que ele entregou foi Rosedélia Soares, de 41 anos, conhecida apenas como Rose. Segundo a investigação, Rose é chefe de uma organização que alicia as crianças. Os alvos são meninas pobres da periferia de Campo Grande. O advogado de Rose, José Roberto Rodrigues da Rosa, disse que ela agenciava garotas de programa, mas garantiu que ela nunca lidou com menores de idade.


“Existe uma rede organizada, que se vale, muitas vezes, da condição social desfavorável de algumas meninas, da desestrutura familiar, para induzir, para atrair para a prostituição”, relatou o coordenador do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Marcos Alex Oliveira.


Katy Braun do Prado ressaltou que as vítimas são meninas de origem humilde, que vivem em uma situação de vulnerabilidade social e que têm princípios distorcidos, que as levam a desejar bens de consumo que as famílias não podem oferecer.


Outro acusado é o ex-deputado estadual Sérgio Assis. Em um vídeo, ele aparece no carro com uma jovem que, segundo a investigação, foi agenciada por Fabiano Otero. Segundo o advogado de Assis, José Belga Assis Trad, a relação sexual por um menor de 18 anos e maior de 14 por si só não configura crime. “Para que se tenha crime, essa relação deve se dar em um contexto de agenciamento e, nesse caso, a relação de prostituição não foi agenciada.”


Um terceiro acusado é o empresário José Carlos Lopes, que responde por exploração sexual de adolescentes e também por estupro, porque teria saído várias vezes com duas irmãs, ambas menores de 14 anos. O advogado José Belga Assis Trad, que também defende Lopes, nega as acusações.


Por causa da delação premiada, Fabiano Otero está cumprindo prisão domiciliar desde outubro. Rose, que foi presa há dois meses, permanece na cadeia. Alceu Bueno responde ao processo em liberdade. 


A investigação do Gaeco não acabou. Pelo menos mais uma denúncia, contra outro cliente, deve ser oferecida à Justiça ainda neste ano. Os promotores também investigam dezenas de outros homens, suspeitos de pagar para fazer sexo com crianças em Campo Grande.


O ex-vereador Robson Martins está nesse processo também. Ele está solto, responde em liberdade e, em abril, quando a TV Morena conseguiu contato com ele, ele negava envolvimento no crime. Nesta segunda-feira, a TV Morena tentou contato com o advogado dele, mas não conseguiu.

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