Restrições na campanha motivam candidatos exóticos à criatividade

As restrições impostas pelas novas regras eleitorais motivaram candidatos “exóticos” à criatividade como forma de se destacar na campanha deste ano, principalmente para as Câmaras de Vereadores, em Mato Grosso do Sul.

Iniciada em 16 de agosto e término no dia 1º de outubro, véspera das eleições municipais, em primeiro turno, a campanha relâmpago engessou muitos candidatos, proibindo uma série de práticas na propaganda, por exemplo, antes permitidas.

As novas regras contidas na Lei das Eleições (nº 9.504/97) proíbe realização de showmícios e de evento assemelhado para promover candidatos, além da a apresentação, remunerada ou não, de artistas com a finalidade de animar comícios e reuniões.

Também é proibido ao candidato ou comitê distribuir na campanha brindes, camisetas, chaveiros, bonés, canetas, cestas básicas ou qualquer outro bem ou material que possa proporcionar vantagem ao eleitor. Neste caso, o infrator poderá responder pela prática de compra de voto, uso de propaganda vedada e, conforme a conduta, por abuso de poder.

A propaganda eleitoral por meio de outdoors, inclusive eletrônicos, não é permitida.

A empresa responsável, os partidos, as coligações e os candidatos que desrespeitarem essa regra estão sujeitos à imediata retirada da propaganda irregular e ao pagamento de multa no valor de R$ 5 mil a R$ 15 mil.

Por causa dessas restrições, muitos candidatos ficaram com as mãos atadas, obrigando-os a inovar desde o registro de nomes exóticos e até mesmo apelidos pelo quais são mais conhecidos.

Em Campo Grande, por exemplo, várias candidaturas com essas características à Câmara de Vereadores foram registradas no TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral).

Candidato a vereador pelo PMN, Elzio Moreira da Silva (52 anos), popularmente conhecido como “Filho do Padre, diz que é a quinta vez que participa de eleições, inclusive para deputado estadual, tendo concorrido a cargos eletivos por outros partidos, como PT e PP.

O que chama atenção no candidato, que mora há 15 anos no bairro Santa Luzia, é carregar uma cruz pelas ruas da Capital simbolizando o sofrimento de Cristo. No entanto,a estratégia não deu certo depois de 20 anos tentando se eleger.

Questionado qual o motivo de carregar a cruz, Filho do Padre diz que essa é uma sina de milhões de brasileiros que, segundo ele, dependem de transporte coletivo, saúde, educação, emprego e renda, segurança pública e uma série de benefícios.

“Por isso é que carrego a minha cruz para representar esses milhões de brasileiros que não têm acesso a tudo que falei. Estou em um partido sério que é o PMN, tenho chances reais de ser um parlamentar e representar meu povo na Câmara Municipal. Seria exemplo para Campo Grande e para o mundo”, gaba-se, em entrevista ao Conjuntura Online.

MAPEAMENTO

Como não bastassem as restrições, o juiz eleitoral de Campo Grande, David de Oliveira Gomes Filho, determinou por meio de portaria, as regras para campanha na área central, uma espécie de mapeamento.

Dentre as quais, podem ser usadas bandeiras nas calçadas, desde que sejam móveis e não atrapalhem o trânsito e circulação das pessoas. Elas não podem ser projetadas sobre a pista e deverão ficar a 30 metros das esquinas, tendo uma em cada quadra.

Os cabos eleitorais não poderão estar na faixa de pedestres, com intenção de expor a bandeira que carregar. Estas regras ficarão fixadas para as principais ruas da cidade, como as avenidas Calógeras, Mato Grosso, Afonso Pena, Eduardo Elias Zahran e as ruas Bahia, 15 de Novembro e Padre João Cripa.  

Entre outros nomes exóticos registrados no TRE-MS, este ano estão Gordinho do Nova Lima, Tchê Cover Michel Jakson, Nilson Júnior, o “Caça Fantasma”, Adão Costelinha, Baiano do Acarajé, Chocolate, Coringa, Fernando Feirante, “O Pão”, Francisco “Saci”, Gibasan, o “Garçom”, João da Borracha, Jacaré, Makarrão da Radiologia, Marcelinho Azeitona, Marcinha “A Força do Bem”, Peixe, Romário do Espetinho e Ted.