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Temer lançará pacote de medidas para combater a crise

Anúncio será feito em meio a pressões para demissão de Henrique Meirelles

05/12/2016 - 07h23

Globo.com

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (Foto: O Globo)

Os principais conselheiros e aliados políticos do presidente Michel Temer, alegando necessidade de medidas urgentes para combater a recessão, passaram a defender ajustes na economia e a substituição do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Mas, em entrevista exclusiva, neste domingo, ao GLOBO, o presidente da República reagiu: aceita a primeira proposta e até anunciou um pacote de dez medidas “microeconômicas”, a ser divulgado nos próximos dias, mas se recusa veementemente a trocar o ministro.


— Falar em troca de ministro da Fazenda agora não é um desserviço apenas ao governo, mas ao país. Por isso, quero desfazer de forma contundente, categórica, todas as iniciativas danosas nesse sentido.

Mas reconheceu ser preciso “impulsionar a economia a partir de agora, com essas dez medidas”, que serão conduzidas “pelo ministro Henrique Meirelles, portador da mais absoluta confiança e apoio do presidente da República”. Temer reconheceu que existem “movimentações”, para evitar a palavra pressões, para a saída de Meirelles. Ressaltou, porém, que nenhum dos seus interlocutores apresentou objetivamente esse tema a ele.


— O que tem havido, e isso não posso negar, são ponderações no sentido de que o governo, pelo curto espaço que tem, não pode esperar de braços cruzados a retomada do crescimento econômico, prevista somente para o segundo semestre do próximo ano. Concordo, mas aviso: essa tem sido também uma preocupação constante não só minha, mas principalmente do ministro da Fazenda.


MAIA E RENAN DEFENDEM SAÍDA


O GLOBO apurou que entre os conselheiros e aliados do presidente da República, os mais veementes defensores da saída de Meirelles são os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL), respectivamente, o ex-ministro Romero Jucá (PMDB-PE), o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, e os senadores tucanos Aécio Neves e Tasso Jereissati.


Pelo menos em dois grandes encontros, a substituição de Meirelles foi debatida por esse grupo. Um deles aconteceu na noite de domingo passado, na casa de Renan, antes da chegada de Temer à reunião. Mas a mais importante delas ocorreu no gabinete do próprio presidente da República com parte da bancada do PSDB, na última quinta-feira.


TEMER NÃO SÓ CONFIRMOU A CONVERSA, COMO FEZ UM BREVE RELATO DELA


— Realmente recebi no meu gabinete os senadores Tasso Jereissati, José Aníbal (PSDB-RO), Armando Monteiro (PTB-PE) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES). Eles pediram medidas que possam impulsionar o crescimento, alegando que não dá mais para esperar até o segundo semestre. Gravei bem uma expressão do senador José Aníbal de que “cabe ao dono cuidar da padaria”.


Segundo o presidente, Tasso, então, sugeriu-lhe ouvir o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto de Almeida, um dos economistas, ao lado de Arminio Fraga, mais endeusados pelo tucanato. Temer respondeu que chamaria não só Mansueto como também outros economistas para conversar com ele e Meirelles, por considerar salutar ouvir todas as opiniões.


Temer, mesmo sem citar episódio específico e muito menos nomes de pessoas, disse não ser o tipo de presidente que deixa seu ministro da Fazenda exposto à própria sorte e à sanha de partidos. Talvez, quisesse se referir ao tratamento dado por Dilma Rousseff a Joaquim Levy.


Quanto ao encontro na casa de Renan, o presidente disse ter chegado lá por volta das 23 horas do domingo para discutir uma pauta específica, a do projeto de abuso de autoridade. Estavam nesse encontro o ex-presidente José Sarney, os senadores Aécio Neves, Eunício Oliveira, Romero Jucá, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o secretário executivo do Programa de Parceria de Investimentos, Moreira Franco. Temer informou que, pelo menos durante sua permanência nessa reunião, ninguém falou sobre a crise econômica e o nome de Meirelles não foi pronunciado uma única vez.


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Nesse encontro, porém,— e não apenas nele, mas em vários outros dos quais essas pessoas citadas têm participado, — discutiu-se abertamente, antes da chegada do presidente, a saída de Meirelles.


A aflição dos tucanos tem um componente eleitoral. O partido ajudou a viabilizar e entrou de cabeça no governo Temer. Um desembarque a esta altura seria difícil de executar e, mais ainda, de explicar ao eleitor. Ao mesmo tempo, a persistência da recessão e suas consequências sociais tendem a comprometer as chances do candidato do PSDB à Presidência em 2018.


Mas a impaciência com a escassez de sinais de recuperação da economia não se limita ao PSDB nem aos políticos.


Assim como os tucanos, lideranças importantes do PMDB sofrem pressão de agentes econômicos que apoiaram o impeachment e agora se impacientam com a gravidade da situação e a demora nos resultados do plano de Meirelles.

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