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Idoso de 87 anos vai ao seu 16º protesto e diz que o País está um lixo

Professor aposentado apoia a luta pela redução das tarifas do transporte e fez campanha pelo voto nulo em 2014

30/01/2015 - 14h24

Terra

"Nós precisamos mudar este País" (Foto: Divulgação )
Aos 87 anos, o professor aposentado José de Freitas conserva a disposição necessária para enfrentar longas caminhadas em manifestações em São Paulo. 

Integrante do coletivo Território Livre, Freitas esteve nessa quinta-feira no “6º Grande Ato Contra a Tarifa”, organizado pelo MPL (Movimento Passe Livre) e que pede a revogação do aumento de R$ 3 para R$ 3,50 das passagens do transporte coletivo.

“Esta é a 16ª (manifestação) a que eu venho. Eu venho em todas, desde junho de 2013”, diz. E por quê? “Porque nós precisamos mudar este País, que está um lixo.”

Questionado sobre o que o motiva a lutar pela queda da tarifa, ele explica que esta é uma de várias bandeiras defendidas pelo grupo. “Nós temos várias campanhas. A primeira campanha foi para mudar o País, em junho de 2013. Depois, nós fizemos a campanha contra a Copa (do Mundo no Brasil, em 2014). E ultimamente nós fizemos a campanha pelo voto nulo”, conta. “Território Livre é uma luta livre, sincera”, diz.

A campanha pelo voto nulo foi desenvolvida pelo Território Livre nas eleições de 2014. “Claro que votei nulo, ia votar em quem?”, questiona. “Nós lutamos por uma causa nobre. É uma vergonha que neste País analfabeto o voto seja obrigatório. O povo brasileiro é tão ignorante que perguntava para mim se não ia preso se votasse nulo. Este é o retrato do Brasil.”

Em relação à tarifa, Freitas exibe um cartaz onde se lê "R$ 3,50 é roubo / povo calado é povo explorado". O aumento no valor das passagens de ônibus, trem e metrô foi determinado pelo prefeito Fernando Haddad (PT) e pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e entrou em vigor no dia 6 de janeiro.

“Não tenho medo de bomba”

O "6º Ato Contra a Tarifa" passou pela casa de Haddad e terminou de forma pacífica no Momumento às Bandeiras, no parque Ibirapuera.

O 5º Ato, realizado na terça-feira, também terminou sem violência no Largo da Batata, em Pinheiros (zona oeste), mas depois um grupo de manifestantes tentou fazer um “catracaço” no metrô, e a Polícia Militar respondeu com bombas de gás lacrimogêneo dentro da estação Faria Lima, que estava lotada. 

Já o 4º Ato foi dispersado com bombas de gás e balas de borracha na Praça da República, no centro, no último dia 23.

Questionado sobre os riscos aos quais está sujeito nas manifestações, Freitas dá de ombros. “Eu não tenho medo de bomba, nem de ‘meganha’”, diz, usando uma gíria para se referir aos policiais.

Apoio e crítica

Enquanto passava por ruas nobres da capital paulista, o ato contra a tarifa ganhava críticos e simpatizantes.

A doméstica Fabiana Lopes Jaquetane, 37 anos, por exemplo, andava com o filho e com a filha da patroa pela avenida Paulista, quando pediu um cartaz de "Aumento, não". "Sou contra o aumento da tarifa. A gente já paga um monte de imposto e não tem nenhum resultado".

Na rua do prefeito Haddad (Afonso de Freitas, no Paraíso), uma moradora filmava o protesto com um iPad. "Não sei nem que protesto é este. É sobre o que?", perguntou. "Tarifa? Eu acho que eles deveriam protestar contra a corrupção na Petrobras. Isso (R$ 0,50) é uma miséria perto do quanto estamos sendo roubados", disse.
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