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Mudanças climáticas causam queda da produtividade agrícola no mundo

09/06/2014 - 20h18

Fapesp

As mudanças climáticas têm causado alterações nas fases de reprodução e de desenvolvimento de várias culturas agrícolas, entre elas o milho, trigo e café. 

Os impactos dessas alterações já se refletem na queda da produtividade no setor agrícolas do Brasil e Estados Unidos.

A avaliação foi feita por pesquisadores participantes doWorkshop on Impacts of Global Climate Change on Agriculture and Livestock, realizado em maio, em São Paulo. 

O seminário reuniu pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos para compartilhar conhecimentos e experiências em pesquisas sobre o impactos das mudanças climáticas globais na agricultura e na pecuária.

Sabemos há muito tempo que as mudanças climáticas terão impactos nas culturas agrícolas de forma direta e indireta – disse o diretor do Laboratório Nacional de Agricultura e Meio Ambiente do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Jerry Hatfield.

De acordo com Hatfield, um dos principais impactos observados nos Estados Unidos é a queda na produtividade de culturas como o milho e o trigo. O país é o primeiro e o terceiro maior produtor mundial desses grãos, respectivamente.

Uma das razões para a queda de produtividade das culturas agrícolas no mundo, na avaliação do pesquisador, é o aumento da temperatura durante a fase de crescimento e de polinização. 

As plantas de trigo, soja, milho, arroz, algodão e tomate têm diferentes faixas de temperatura ideal para os períodos vegetativo – de germinação da semente até o crescimento da planta – e reprodutivo – iniciado a partir da floração e formação de sementes. 

O milho, por exemplo, não tolera altas temperaturas na fase reprodutiva,  demonstra Hatfield.

Observamos diversos casos de fracasso na polinização de arroz, trigo e milho em razão do aumento da temperatura nessa fase. –  avalia.

Impactos no Brasil

No Brasil, as mudanças climáticas já modificam a geografia da produção agrícola, afirma o diretor do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Hilton Silveira Pinto.

O ano passado foi o mais seco desde 1988 – quando o Cepagri iniciou suas medições climáticas. Registrou-se uma média de 1.186 milímetros de chuva contra 1.425 milímetros observados nos anos anteriores. O mês mais crítico do ano foi dezembro, quando choveu 83 milímetros. A média para o mês é 207 milímetros.

“O final de ano muito seco atrapalhou bastante a agricultura em São Paulo, porque a época de plantio dos agricultores daqui é justamente no período entre outubro e novembro –  disse Silveira Pinto durante sua palestra.

Segundo o pesquisador, a partir dos anos 2000 não foi registrada mais geada em praticamente nenhuma área de São Paulo, evidenciando um aumento da temperatura no estado. 

Um reflexo dessa mudança é a migração da produção do café em São Paulo e Minas Gerais para regiões mais elevadas, com temperaturas mais propícias para o florescimento da planta. 

A cada 100 metros de altitude, a temperatura diminui cerca de 0,6 ºC, diz o pesquisador brasileiro.

Durante o período de florescimento do café, quando os botões florais tornam-se grãos de café, a planta não pode ser submetida a temperaturas acima de 32 ºC. Apenas uma tarde com essa temperatura é suficiente para que a flor seja abortada e não forme o grão.

O registro de temperaturas acima de 32 ºC tem ocorrido com mais frequência na região cafeeira de São Paulo. Com o aquecimento global, deverá aumentar entre 5 e 10 vezes a incidência de tardes quentes no florescimento da planta, explica Silveira Pinto acrescendo que o café deverá começar a ser produzido nos próximos anos em Estados mais frios, como Paraná e Santa Catarina.


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