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Compra de refinaria não foi bom negócio, diz Foster sobre Pasadena

15/04/2014 - 14h26

UOL

A presidente da Petrobras, Graça Foster, fala na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, nesta terça-feira (15), sobre as denúncias que envolvem a empresa (Foto: Alan Marques/ Folhapress)
A presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou nesta terça-feira (15) em audiência no Senado que não há operação de compra 100% segura no mercado de petróleo. "Não existe compra 100% segura nas atividades de petróleo e gás." Ela reconheceu ainda que a transação "definitivamente não foi um bom negócio".

A declaração foi dada na exposição inicial da executiva sobre a compra da refinaria de Pasadena no Texas (EUA), em 2006, pela Petrobras. Suspeita de ter representado um prejuízo milionário, a aquisição da unidade pela Petrobras tem sido alvo de investigações em diferentes órgãos, como o Ministério Público e a Polícia Federal. 

Foster foi convidada a prestar esclarecimentos em audiência na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado em tentativa do governo de tirar o foco da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que deve ser criada sobre o assunto.

Questionada pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR), Graça afirmou que a compra de Pasadena não foi um bom negócio. "Não há como reconhecer na presente data que tenha sido um bom negócio."

A presidente da Petrobras afirma que a orientação na época da compra era de expansão dos mercados da Petrobras na área de óleo pesado. Segundo a executiva, a refinaria de Pasadena seria usada para agregar valor ao óleo pesado, mais barato no mercado.

Segundo Foster, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a aquisição de Pasadena sem ter informações sobre as cláusulas de "Put Option" e "Marlim", que teriam gerado prejuízo à empresa. Graça afirmou que o resumo executivo sobre a refinaria de Pasadena apresentado não fazia referência à obrigatoriedade de comprar os outros 50% da refinaria posteriormente.

A versão dada por Foster aos senadores condiz com as explicações da presidente Dilma. Então ministra da Casa Civil, Dilma aprovou a compra de 50% da refinaria de Pasadena quando presidente do Conselho de Administração da Petrobras, em 2006. Em 2005, um ano antes de a Petrobras decidir fazer o negócio, a empresa de origem belga Astra Oil havia comprado a refinaria por US$ 42,5 milhões.

Dilma admitiu publicamente ter autorizado a compra com base num documento "tecnicamente falho" e que, se soubesse de todas as cláusulas, certamente não a teria aprovado.

Graça também afirmou que a aquisição de 50% da refinaria de Pasadena aconteceu antes da crise econômica mundial e diz que não era possível prever naquele momento o declínio da economia.

Valor da compra

O valor total pago pela Petrobras na transação, segundo Foster, foi de US$ 1,25 bilhão. No entanto, há divergências entre Foster e o ex-presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, sobre os valores (veja boxe abaixo).

A explicação para as cifras altas, segundo ela, seria o conhecimento que a Astra Oil tinha sobre o ambiente de negócios de óleo no Texas. "Nesse caso específico, o maior valor pago por Petrobras foi o conhecimento que o grupo Astra tinha naquela região: os clientes, os contratos com a infraestrutura. 

Você não pode chegar e falar: 'quero vender petróleo, quero comprar petróleo'. Você tem que estar em um ambiente. E quem estava no ambiente era o grupo Astra. É o valor que Astra criou pela atividade".

Graça disse ainda que há "evidências contábeis" de que a belga Astra Oil pagou mais do que os US$ 42,5 milhões citados até então pela refinaria Pasadena. Segundo ela, a Astra pagou pelo menos US$ 360 milhões.
 
Foster disse que a Petrobras tem recebido propostas para vender a refinaria de Pasadena. Ela afirmou, porém, que a melhor oferta feita até o momento não cobre o valor pago anteriormente. Foster disse que, por enquanto, a estatal pretende manter a refinaria no Texas
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