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Economia

China e União Europeia suspendem compras da avicultura de todo o Brasil

Medida cumpre protocolos sanitários, e Brasil deixa de emitir certificados de exportação

Conjuntura Online
16/05/25 às 17h43
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Carlos Fávaro, ministro da Agricultura (Foto: Guilherme Martimon/MAPA)

China e União Europeia suspenderam, nesta sexta-feira (16), compras de produtos da avicultura de todo o Brasil, conforme previsto em protocolo sanitário.

A decisão foi tomada depois da confirmação de um caso de gripe aviária em uma granja comercial em Montenegro (RS). A medida já era esperada pelo governo brasileiro e representantes da avicultura nacional.

“Trata-se do cumprimento dos protocolos acordados entre os países, que impede a certificação na detecção da enfermidade”, afirmou à reportagem o secretário-adjunto de Defesa Agropecuária, Allan Rogério Alvarenga.

Em cumprimento aos protocolos sanitários, o Brasil deixa de emitir certificados de exportação até que haja uma garantia de que o foco da doença foi extinto. Outros países também deverão bloquear as compras de empresas de todo território brasileiro, como Coreia do Sul e México.

A secretaria vai finalizar em breve um documento com orientações conjuntas de certificação sanitária formuladas pelo Dipoa (Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal) e o DSA (Departamento de Saúde Animal). O material será distribuído aos técnicos e auditores fiscais federais agropecuários do Ministério da Agricultura que atuam na ponta, com a inspeção nos frigoríficos e demais estabelecimentos.

O documento deve detalhar, por exemplo, os países que aprovaram a regionalização do protocolo sanitário para casos de gripe aviária, como Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Filipinas, Argentina e Reino Unido.

No caso do Japão, por exemplo, o embargo deve ficar restrito ao município gaúcho de Montenegro, onde o foco foi detectado. Para outros, valerá só para o que estiver na zona de contenção, no raio de 10 quilômetros ao redor do caso. Outros países fecham as portas para o Estado do Rio Grande do Sul e “alguns poucos mercados”, todo país.

Durante esta sexta-feira, a equipe técnica do ministério trabalha na identificação dos requisitos de saúde animal para cada mercado. São feitos ajustes nos processos de exportação. Para cada país ou bloco, uma medida de restrição é adotada, conforme os acordos realizados.

O presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Ricardo Santin, disse que ainda não é possível estimar o impacto econômico da suspensão ou restrição das exportações do setor por conta desse episódio. “Ainda não se sabe quanto tempo isso leva”, disse à reportagem.

Santin, disse que, "em todos os casos vamos solicitar o mesmo tratamento da Newcastle". No ano passado, quando foi detectado um foco de doença de Newcastle, também no Estado do Rio Grande do Sul, a indústria e o governo brasileiro atuaram juntos aos compradores de frango brasileiro para que o bloqueio fosse apenas de abrangência regional.

Questão de tempo
Em entrevista à Globonews, nesta sexta-feira (16/5), o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, reconheceu que a chegada da gripe aviária a uma granja comercial do Brasil era questão de tempo e que o governo já lidava com essa possibilidade. Depois da confirmação, o governo federal decretou emergência zoosanitária no país por um prazo de 60 dias.

Na entrevista, o ministro Carlos Fávaro informou que o local onde o foco da doença foi identificado está isolado e todas as medidas de sanitização da granja estão sendo adotadas. Acrescentou que já foi feito o rastreio dos ovos fornecidos pela granja para providenciar a inutilização da produção.

Ele ressaltou, no entanto, que entre os grandes players da avicultura mundial, foi o país que mais tempo conseguiu conter o avanço do vírus, o que, em sua visão, realça a eficiência do sistema sanitário brasileiro.

“Tínhamos a convicção de que, em algum momento, adentraria em granjas comerciais. Mas nenhum país conseguiu segurar tanto tempo. Com isso, revisamos diversos protocolos sanitários”, disse o ministro.

O caso em Montenegro é o de número 167 no Brasil. Foi detectado dois anos depois do primeiro foco identificado no país, em aves silvestres no litoral do Espírito Santo. Fávaro disse ainda que a OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal) já foi informada sobre a ocorrência. E que as autoridades sanitárias brasileiras já fizeram também um cerco sanitário à região do foco da doença.

“Assim que tivermos a certeza de que podemos anunciar ao mercado que o foco foi totalmente extinto, o restabelecimento do comércio será imediato”, afirmou, na entrevista.

O ministro pontuou, no entanto, que, a depender do avanço das medidas sanitárias e da prestação de informações por parte do governo brasileiro, as restrições comerciais podem ser encerradas antes mesmo do fim da emergência sanitária no Brasil.

“O status de emergência zoosanitária tem a previsão de 60 dias. O foco de gripe se estingue em, no máximo, 28 dias. Se, nesse período, a gente bloquear bem a região, der total transparência dos atos de que o foco foi extinto e de que a gente volta à normalidade, é possível restabelecer o fluxo antes de 60 dias”, explicou.

Fávaro acrescentou que não há riscos de contaminação por gripe aviária no consumo de carne de frango ou ovos. O cozimento dos alimentos mata o vírus. O principal risco de contágio está no manuseio e no transporta das carcaças de animais que possam estar infectados pela doença.

Questionado sobre as razões de países importadores do produto do Brasil suspenderem as compras, apesar de não haver risco ao consumo, o ministro explicou que a intenção é evitar uma eventual contaminação de plantéis locais pela exportação de carne ou ovos infectados com o vírus.

“E nada impede que a gente continue negociando (com os países que suspenderam as compras de todo o país), com a transparência, para que a gente pode deixar o Rio Grande do Sul restrito e o restante do Brasil possa comercializar", disse, à Globonews.

Sem novos focos
Também nesta sexta-feira (16/5), em entrevista à CNN Brasil, Fávaro disse que toda a região está em alerta e que não há novos casos na região onde o foco de gripe aviária foi confirmado. O ministro não soube dizer quantas unidades de produção avícola existem na região, mas garantiu que não houve nenhuma nova suspeita até agora.

“O raio de 10 quilômetros já está todo monitorado. As equipes da Secretaria de Defesa Agropecuária estão presentes, visitando todos os estabelecimentos. A qualquer indício, sintoma de animal doente, há isolamento de outras granjas. Estamos monitorando todas elas, rastreando a produção dessa granja onde houve o foco, olhando para onde foram os ovos e inutilizando-os”, disse.

Sobre os produtos que estão nos portos ou já foram embarcados para exportação, Fávaro disse que não há risco. “Como o sistema é muito eficiente, com alto nível de rastreabilidade, conseguimos demonstrar a todos os países do mundo a origem das cargas que estão nos portos e em curso de transporte. O bloqueio comercial se dá a partir desse momento, da verificação do caso específico. Não há prejuízo comercial para trás no que era produzido e exportado até ontem (quinta-feira).”

Casos suspeitos de animais silvestres no zoológico de Sapucaia do Sul (RS) também estão em investigação, disse o ministro. Mas ele reforçou que a preocupação é com a criação comercial. “O que afeta a relação comercial são casos em granjas comerciais (...) Tem investigação no zoológico, mas isso é ave silvestre, não restringe a comercialização, só aumenta a fiscalização em toda a região para que não adentre em granjas comerciais”, pontuou.

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