Conjuntura - o 1º Site Político de MS
O 1º site político de Mato Grosso do Sul | Sábado, 08 de novembro de 2025
Economia

Com inflação rumo à meta, economistas criticam juro elevado 

BC manteve Selic em 15%; efeitos colaterais são sentidos nos empregos e investimentos, segundo especialistas ouvidos pela CNN

Conjuntura Online
08/11/25 às 09h05
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Sede do Banco Central em Brasília (Foto: Adriano Machado/Reuters)

As expectativas do mercado financeiro para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2025 já se aproximam da margem de tolerância da meta de inflação. Apesar disso, o BC (Banco Central) mantém a Selic, taxa básica de juros no Brasil, em patamar elevado: 15% ao ano.

Mesmo com a redução nas expectativas de inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC decidiu manter a Selic em 15% na reunião de quarta-feira (5). Ainda há mais um encontro do colegiado neste ano, em dezembro, mas o mercado espera que o juro caia somente em 2026.

Especialistas ouvidos pela CNN Brasil apontam a contradição da política monetária se manter restritiva mesmo com um de seus principais fundamentos apontando o contrário --- se a inflação caminha para a meta e o crescimento segue moderado, a manutenção de juros altos deixaria de ser uma ferramenta de controle e passa a funcionar como obstáculo à retomada econômica. Tanto que algumas casas de investimento projetam que a inflação ficará abaixo da tolerância neste ano.

“A grande razão é a desaceleração forte do preço dos alimentos, achamos que vai ter uma surpresa nestes preços. Outro motivo é o câmbio, prevemos que o real mais apreciado pode reduzir os preços de itens importados”, disse a estrategista de inflação da Warren Rena, Andréa Angelo.

O Boletim Focus, que mede o humor de economistas e investidores, mais recente mostrou que a expectativa do mercado é de IPCA em 4,55% ao final de 2025. O centro da meta de inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

Para o ex-presidente do BC Armínio Fraga, apesar da queda nos preços, condições estruturais da economia brasileira impedem que o colegiado comece a reduzir os juros imediatamente. O economista aponta o descontrole das contas públicas como o maior vilão.

“Com esse horizonte de política fiscal, o corte de juros seria uma surpresa neste ano. O juro não cai por incerteza, medo. A parte fiscal está fora dos trilhos. O básico seria começar com uma política fiscal que faça a dívida estabilizar”, disse.

Impacto na economia

Os juros são o remédio para os preços altos em uma economia. Ao encarecer o crédito e frear o consumo e os investimentos, eles reduzem a demanda e, consequentemente, a pressão sobre a inflação.

O efeito colateral, contudo, é o dano à atividade econômica. Praticamente todos os setores produtivos são impactados negativamente pela Selic em patamar restritivo, enquanto há desestímulo ao consumo e ao investimento. Dentre os segmentos, um dos que mais sofre é a indústria.

“Na realidade, a taxa de juros neste patamar por um período prolongado é ruim para a economia como um todo, mas especialmente para a indústria. A indústria depende de um investimento consistente, que não existe no contexto de juros altos”, afirmou João Gabriel Pio, economista da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais).

Em posicionamento, a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) reiterou os danos à indústria e pediu a queda da Selic, logo após a decisão do Copom de manter a taxa em 15% ao ano. Para que o corte ocorra, a entidade defendeu o equilíbrio das contas públicas.

"Diante do atual cenário econômico do país, com recuo de 0,4% da produção industrial em setembro, refletindo o impacto do crédito mais caro e ambiente econômico pouco favorável ao investimento, a Firjan defende que a redução sustentável dos juros depende de um ambiente macroeconômico mais previsível e propício ao investimento". (Com CNN)

Últimas em Economia
VER TODAS AS NOTÍCIAS
Conjuntura - o 1º Site Político de MS
O 1º site político de Mato Grosso do Sul
Conjuntura Online - Copyright © 2004-2025. Todos os direitos reservados.