O Cruzeiro passou 11 anos sem ser líder do Campeonato Brasileiro. Mas, após edições de muitas dificuldades, um rebaixamento e três anos fora da elite, o clube voltou a ser ponteiro com um 2 a 0 sobre o Fluminense, em uma noite de catarse do time e torcedores, e confronto do discurso com os resultados.
O objetivo declarado e público do Cruzeiro é conquistar uma vaga na Conmebol Libertadores via Campeonato Brasileiro. A Raposa não se coloca entre os postulantes ao título da competição, mas o desempenho vai na contramão.
O Cruzeiro está invicto há 14 partidas, sendo nove no Brasileiro. Contando com a derrota do Flamengo na rodada, o time assumiu a liderança, com 30 pontos, a partir de uma vitória contundente diante do Fluminense – com alguns sustos no segundo tempo. Reviveu momentos de alegria no Maracanã.
O último havia sido em 2018, num Cruzeiro sob modelo de associação e gerido por uma diretoria que colocaria o clube na maior crise da história e num inédito rebaixamento. Naquela época, uma vitória por 2 a 0 sobre o Flamengo, pela Libertadores. Na história, antes, momentos épicos, como os golaços de Marcelo Moreno e Alex, em 2014 e 2003, respectivamente, até o longínquo 3 a 1 sobre o Fluminense, na campanha do título da Taça Brasil, em 1966.
O Cruzeiro, neste momento, tem o futebol mais eficiente e efetivo do Campeonato Brasileiro. Venceu postulantes ao título, como Flamengo e Palmeiras, dentro de casa, e dominando as partidas. Na atual situação, tem condição de brigar pela liderança.
Faltam, claro, 24 rodadas para o término do Campeonato Brasileiro. Há ainda uma janela de transferências, além da maratona de jogos, com torneios internacionais (para seus concorrentes) e a Copa do Brasil. Muitos fatores para influenciar o resultado final.
Entretanto, está claro que o Cruzeiro vem apresentando um futebol eficiente e surfa no bom momento. O jogo no Maracanã foi uma prova disso, de como a dinâmica se desenvolveu.
O Cruzeiro começou melhor na partida, viu o Fluminense crescer na primeira etapa e pressionar. Mas respondeu sendo letal. Aproveitou descuido da defesa do Fluminense, que não marcou Fabrício Bruno em escanteio, e abriu o placar.
Não deu tempo de o Fluminense tentar reagir, e o Cruzeiro marcou num contra-ataque, graças a um desarme de Fagner, assistência de Matheus Pereira, e gol do artilheiro do Brasileiro, com 12 gols, Kaio Jorge.
Melhor brasileiro da Copa do Mundo de Clubes, chegando às semifinais, o Fluminense pressionou – e muito – no segundo tempo. O Cruzeiro, praticamente, não conseguiu respirar com contra-ataques e levou pressão quase o tempo todo.
Sobreviveu com, pelo menos, quatro defesas providenciais de Cássio, duas bolas na trave e finalizações sem pontaria do Fluminense. Além disso, o Cruzeiro foi muito bem pelo alto, sobretudo com a dupla de zaga Fabrício Bruno e Villalba, destaques na partida.
Uma vitória que, no futuro, pode ser considerado "daquelas", marcantes em uma campanha vitoriosa. Falta muito tempo e campeonato. Mas o torcedor do Cruzeiro não pode deixar de acreditar que é possível. (Com ge)
