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Por matar ator e seus pais, Cupertino é condenado a 98 anos de prisão

Ele foi condenado por triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas

Conjuntura Online
31/05/25 às 09h00
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Plenário onde ocorre o julgamento de Paulo Cupertino (Foto: Divulgação/Assessoria de Imprensa/Tribunal de Justiça SP (TJ-SP)

Após dois dias de julgamento, Paulo Cupertino foi condenado na sexta-feira (30) a 98 anos de reclusão em regime fechado por matar a tiros o ator Rafael Miguel e os pais dele, João e Miriam, em 2019.

Houve comemoração dos familiares das vítimas após a leitura da sentença.

Cupertino foi condenado por triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.

A sentença foi dada pelo juiz Antonio Carlos Pontes de Souza, da 1ª Vara do Júri da Capital, a partir da decisão majoritária dos quatro homens e três mulheres que foram jurados.

Ele leu a sentença sem a presença do réu. Disse que o crime foi cometido na presença da filha de Cupertino e agravado por sua fuga do local. Os dois corréus foram absolvidos.

Ao menos quatro dos sete jurados o condenaram pelos três assassinatos em todos os quesitos. Quando a votação atinge a maioria do júri, a Justiça para de contar os votos. O réu permanecerá preso. O júri popular, que começou na quinta-feira (29), ocorreu no Fórum da Barra Funda, em São Paulo.

O advogado da família das vítimas, Fernando Viggiano, afirmou, à saída do julgamento, que "a tese de defesa de negativa de autoria [de Cupertino] foi rechaçada pelos jurados". "Imaginávamos que ele tomaria qualquer outro caminho, dada a robustez das provas constantes dos autos", destacou.

E emendou: "O cuidado que tivemos foi primordial para que não houvesse nenhuma nulidade. A todo momento havia questões referentes a nulidade processual, não efetivamente à tese, porque sabíamos que havia provas robustas para a condenação".

O juiz entendeu que nenhum dos pedidos de nulidade feitos pela defesa de Cupertino deveria ser atendido.

Segundo o MP (Ministério Público), Cupertino matou o artista e a família da vítima com 13 tiros por não aceitar o namoro do rapaz com a sua filha Isabela Tibcherani, que tinha 18 anos à época. Rafael estava com 22. Câmeras de segurança gravaram o crime na frente da casa da jovem e a fuga do assassino.

Rogério Zagalo, promotor do MP-SP, disse ter se surpreendido com a pena: "Porque o Brasil tem uma cultura chamada cultura da pena mínima, e o Judiciário tem que começar a pensar como esse juiz que jogou essa causa hoje, nós temos que fazer condenações pensando entre outras coisas também, nas consequências do ato ilícito. E nesse caso específico, da mesma família, foram eliminadas três vidas, então é um caso que realmente é muito grave".

O empresário, no entanto, negou o crime quando foi interrogado no primeiro dia de júri.

"Impossível eu ter cometido esse crime. Não tinha motivo, nunca existiu crime premeditado", chegou a dizer no plenário. “Nunca na minha vida tive conhecimento do Rafael, João e Miriam. Como posso ter cometido o crime se nunca tive acesso a eles.”

Cupertino negou o crime, dizendo que saiu da casa e viu os três corpos (de Rafael e dos pais) na rua;
?negou que a silhueta de um vídeo de câmera de segurança que mostra um homem e as três vítimas é a dele;

?que viu ainda “vagabundos” fugindo, sugerindo que eles cometeram os assassinatos;

?que se arrepende de não ter ido atrás deles;

que não os denunciou na delegacia por medo do que poderia acontecer com a sua família;
que a imagem de outra câmera que mostra ele fugindo ocorreu mesmo e é ele porque estava com medo dos “vagabundos”;

falou ainda que não fugiu e nem se escondeu. E que estava trabalhando

Após os assassinatos, o empresário se escondeu em outros estados e países. Ele só foi preso quase três anos depois do crime, em 2022.

Além de Cupertino, também foram interrogados na quinta-feira (29) outros dois réus no processo: Wanderley Antunes e Eduardo Machado, acusados de ajudado a fugir e se esconder após o crime. Eles respondem em liberdade a acusação de favorecimento pessoal por terem ajudado o empresário a fugir e se esconder após o crime. Os dois também se disseram inocentes.

Foram ouvidas sete testemunhas no total. Entre elas, Isabela e Vanessa Tibcherani, respectivamente, a filha e a ex-esposa de Cupertino. As duas contaram que não viram como Rafael, Miriam e João foram baleados, mas disseram na audiência que quem os matou foi Cupertino.

“Foi muito rápido, questão de segundos. Ouvi os disparos, me abaixei e comecei a gritar ‘não, não e fui para fora’”, disse Isabela.

“O que posso dizer é que ele assassinou as três pessoas a sangue frio”, contou Vanessa no julgamento.

Cupertino chegou algemado, acompanhado por dois policiais militares, e começou a ser interrogado por volta das 18h30 de quinta, já sem algemas. O primeiro dia de julgamento foi encerrado às 22h30. O réu só respondeu às perguntas da defesa, feitas por suas advogadas.

E avisou ao juiz que não queria responder aos questionamentos da acusação. Por isso o Ministério Público não o indagou sobre o crime. O MP foi representado pelos promotores Thiago Marin e Rogério Leão Zagallo.

Na fase final do julgamento de Paulo Cupertino, nesta sexta-feira (30), a defesa questionou a falta de provas concretas apresentadas pelo Ministério Público. As advogadas Juliane Oliveira e Miriam Souza afirmaram que não há testemunha ocular, que a denúncia é baseada em suposições e que Cupertino é um cidadão comum. Disseram ainda que ele fugiu por medo de linchamento midiático e circulou por dez estados e dois países. Criticaram também a ausência de análise pericial das cápsulas encontradas no local do crime.

Durante a tréplica, Cupertino permaneceu calado ao lado das advogadas e se emocionou ao saber que a filha retirou seu sobrenome. Em determinado momento da argumentação, ele abaixou a cabeça e esfregou as mãos no rosto. A defesa mostrou uma carta escrita pela sobrinha dele dizendo o quanto o Cupertino era amoroso, além de imagens da prisão, alegando comemoração indevida por parte da polícia.

O primeiro julgamento de Cupertino em 2024 foi anulado pela Justiça e remarcado para essa semana após o réu demitir seu advogado ainda no plenário.

O ator era conhecido na mídia por ter interpretado o personagem Paçoca na novela "Chiquititas", do SBT, e trabalhado em um famoso comercial de TV em que uma criança pede brócolis à mãe. Ele também atuou em novelas da Globo, como “Pé na Jaca”, “Cama de Gato” e o especial de fim de ano “O Natal do Menino Imperador”.

Cupertino está preso preventivamente no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Guarulhos, na Grande São Paulo. (Com g1 São Paulo)

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