A prefeita Adriane Lopes (PP) entrou oficialmente na zona vermelha da Lei de Responsabilidade Fiscal. O mais recente Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) expôs um cenário preocupante: Campo Grande gastou praticamente tudo o que arrecadou e ultrapassou o teto permitido pela Constituição.
O município, segundo reportagem do G1, fechou os últimos 12 meses com 99,94% da RCL (Receita Corrente Líquida) comprometida com despesas correntes — quando o limite máximo permitido é 95%. Ou seja: o caixa está no limite e a prefeitura já não tem margem para nada.
O estouro é de 4,94%, suficiente para acender todos os alertas da equipe econômica e colocar Adriane sob pressão política e jurídica.
A situação é tão crítica que pode ser explicada de forma simples:
Se Campo Grande arrecada R$ 100, só poderia gastar R$ 95.
Mas a gestão Adriane Lopes gastou R$ 99,94 — praticamente até o último centavo.
E agora, por força da Constituição, a prefeita é obrigada a disparar medidas duras, impopulares e imediatas.
Governo reduz jornada, corta salário e trava despesas
Sem saída, Adriane determinou:
Jornada reduzida para 6 horas diárias desde 1º de novembro.
Corte de 20% no próprio salário e no de todo o primeiro escalão.
Cada secretaria terá que cortar 20% da folha, sob pena de sanções internas.
Congelamento completo:
sem reajuste,
sem aumentos,
sem criação de novas despesas.
Servidores também não receberão horas extras, plantões ou gratificações. Repartições passam a funcionar apenas das 7h30 às 13h30.
É o pacote mais rígido já imposto em Campo Grande nos últimos anos — e tudo por causa do rombo que ameaça engolir a gestão.
Pressão aumenta e prefeitura se cala
O relatório foi publicado em 27 de novembro, com valores que assustam pela proximidade entre arrecadação e gasto:
Despesa total até outubro: R$ 6.020.209.095,10
Arrecadação: R$ 6.023.821.642,50
A diferença é mínima, revelando uma prefeitura no fio da navalha.
A reportagem do G1 questionou a administração sobre novas medidas de contingência. Até a última atualização: silêncio total. O silêncio aumenta a percepção de crise e expõe politicamente a prefeita, que tenta controlar os danos em um momento delicado de sua gestão.
Crise sanitária vira justificativa oficial
No Diário Oficial, a prefeitura atribui a situação à “instabilidade do cenário epidemiológico” e aos custos com síndromes respiratórias — uma explicação que não convenceu parte do próprio funcionalismo.
Enquanto isso, o município seguirá sendo monitorado bimestralmente, até que volte ao limite de 95%. Não há prazo para isso acontecer.
