A menos de um ano e meio das eleições de 2026, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta um momento de instabilidade política e desgaste popular.
A mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (8), mostra que 49% dos brasileiros desaprovam o governo, contra 48% que aprovam — um quadro de empate técnico, mas com viés negativo.
O levantamento evidencia que, mesmo após meses de leve recuperação, a rejeição ao governo segue superior à aprovação, reforçando os desafios do Palácio do Planalto em meio a uma conjuntura de crise institucional e dificuldades econômicas.
Nos últimos meses, Lula vinha conseguindo recuperar parte do prestígio perdido. Em maio, a aprovação estava em 40%, subiu para 43% em julho, 46% em agosto e chegou a 48% em setembro. No entanto, a curva de desaprovação permanece mais alta, oscilando de 57% em maio para 51% em agosto e agora 49%.
O cenário indica um governo que estagnou, sem conseguir consolidar a virada positiva nas vésperas do último biênio de mandato.
Conflitos com o Congresso e escândalos corroem imagem do governo
Além da divisão na opinião pública, o Planalto enfrenta fortes atritos com o Congresso Nacional, que emperram votações de pautas prioritárias e alimentam um clima de desconfiança mútua entre Executivo e Legislativo. A base aliada se mostra fragilizada, e o governo tem sofrido derrotas estratégicas em votações e comissões, o que acentua a percepção de crise institucional.
Somado a isso, o escândalo dos desvios no INSS, envolvendo supostos roubos de valores de beneficiários, desgasta ainda mais a imagem do governo, especialmente entre aposentados e pessoas de baixa renda — público historicamente sensível ao discurso social do PT. O caso expôs falhas graves de fiscalização e suspeitas de corrupção interna, gerando desconforto dentro da própria Esplanada e preocupação eleitoral entre aliados.
Desgaste internacional e novas sanções
No cenário externo, o ambiente também é desfavorável. O presidente norte-americano Donald Trump impôs sanções comerciais que impactam setores estratégicos do Brasil, como mineração e exportações de alumínio e aço, elevando a tensão diplomática entre os dois países.
As medidas são vistas por analistas como um teste à capacidade de articulação internacional do governo Lula, que tenta manter um discurso de soberania e neutralidade em meio às disputas geopolíticas.
Nordeste segue fiel, mas outras regiões mantêm resistência
A pesquisa mostra que o principal reduto de apoio continua sendo o Nordeste, onde 62% aprovam o governo e 36% desaprovam. Já nas demais regiões, a resistência persiste. No Sudeste, 52% desaprovam e 44% aprovam; no Sul, a rejeição chega a 56%; e no Centro-Oeste/Norte, 55% dos entrevistados avaliam negativamente a gestão.
Quando avaliados sobre o desempenho geral, 37% classificam o governo como negativo, 33% como positivo e 27% como regular. Apenas 25% afirmam que a administração está melhor do que esperavam, enquanto 45% dizem estar pior, o que reforça o sentimento de frustração com promessas não cumpridas e com a falta de resultados concretos na economia. (Com informações do portal Metrópoles)