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Pacote de medidas para promover a igualdade racial é lançado pelo governo

São 13 ações apresentadas pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, em parceria com outros dez ministérios e órgãos federais

20/11/2023 - 12h49

São Paulo 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao lado da primeira-dama, Janja (à esquerda), e da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco (à direita) (Foto: Ton Molina/Estadão Conteúdo )

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou, nesta segunda-feira (20) – Dia Nacional da Consciência Negra – o segundo Pacote Pela Igualdade Racial. São 13 ações apresentadas pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, em parceria com outros dez ministérios e órgãos federais.


Programa Nacional de Ações Afirmativas: busca formular, promover, articular e monitorar políticas voltadas para mulheres e pessoas negras, quilombolas, indígenas, ciganas ou com deficiência, com investimento de R$ 9 milhões;


Grupo de Trabalho Interministerial de Comunicação Antirracista: responsável por criar políticas para uma comunicação mais inclusiva e respeitosa dentro da administração pública. Além de elaborar o Plano Nacional de Comunicação Antirracista, caberá ao GTI propor estratégias de fortalecimento de mídias negras, de promoção da diversidade racial em publicidades e patrocínios do Estado, de diálogo com a sociedade e veículos de comunicação, de formação para porta-vozes, servidores e prestadores de serviço;


PNGTAQ (Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental Quilombola): pretende contribuir para o desenvolvimento sustentável dos territórios quilombolas, aliando conservação ambiental, efetivação de direitos sociais e geração de renda, além de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer as necessidades das gerações futuras. Vai beneficiar as 3.669 comunidades quilombolas certificadas pelo poder público, com uma previsão orçamentária de mais de R$ 20 milhões;


Tombamento Constitucional de Quilombos: contribuirá para a valorização e o reconhecimento da cultura quilombola, dos seus modos de vida, dos bens materiais e imateriais, além de fortalecer a proteção desses territórios que são rotineiramente ameaçados. Os impactos se estendem a toda a sociedade, resultando em ganhos para a conservação da biodiversidade e para a estabilidade climática;


Brasil Sem Fome: o Acordo de Cooperação Técnica entre MIR (Ministério da Igual Racial) e o MDS (Ministério do Desenvolvimento Social) reafirma o compromisso com a construção de uma agenda de combate à fome, à insegurança alimentar e à pobreza, a partir da qualificação de serviços e equipamentos da assistência social. Integra o Plano Brasil Sem Fome, que busca promover a equidade de raça e gênero por meio da inclusão socioeconômica e da promoção da segurança alimentar e nutricional;


Primeira Infância Antirracista: tema do memorando que oficializa a intenção do MIR e do Unicef trabalharem juntos para combater o racismo e atenuar seus impactos na infância de crianças negras, quilombolas e indígenas. As estratégias, a serem criadas e implementadas em cooperação mútua, serão voltadas para a capacitação de profissionais da saúde, da assistência social e da educação, para a realização de seminários e eventos, para a produção de pesquisas, assim como para a disseminação de materiais relacionados a práticas antirracistas nos serviços de atendimento às gestantes, crianças negras e indígenas.


Além das medidas acima, o segundo pacote inclui investimentos em pesquisa, monitoramento e avaliação de dados.


De acordo com o governo federal, uma parceria com o IBGE vai viabilizar um bloco sobre ações afirmativas e gestão dos municípios dentro do âmbito racial, bloco até então inédito, em uma das maiores pesquisas do país (a MUNIC e a ESTADIC).


Com isso, será possível a coleta de mais dados sobre ciganos, quilombolas, povos de terreiro e uma análise mais assertiva sobre como as políticas públicas têm sido efetuadas.


Já o monitoramento, em parceria com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), permitirá mapear nacionalmente temas pouco debatidos, mas relevantes para embasar políticas, como a assistência de cuidado a pessoas idosas negras ou acidentes de trabalho para pessoas negras.


Outra iniciativa, junto ao Instituto Federal de Brasília, fomentará a construção do Observatório de Políticas Públicas em Igualdade Racial e o fortalecimento dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas, que resultará em conscientização sobre os povos de terreiro, oportunidades para jovens participarem de projetos de Igualdade Racial e criação de novas políticas voltadas para essa pauta.


Atendimento psicossocial


Também haverá investimento de R$ 8 milhões na qualificação do atendimento psicossocial para mães e familiares de vítimas de violência. O programa é uma ação conjunta do MIR com o Ministério da Justiça, o Ministério da Saúde e o Ministério do Desenvolvimento Social.


O projeto-piloto ocorrerá na Bahia e no Rio de Janeiro, com apoio de cinco universidades públicas: UFBA (Universidade Federal da Bahia), UFF (Universidade Federal Fluminense), Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Universidade Federal do Ceará e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).


Qualificação


O segundo pacote de ações pela Igualdade Racial também prevê um investimento de R$ 5 milhões em cursos de capacitação para o uso de tecnologia social sustentável de baixo custo, formação empreendedora para a comercialização do excedente de produção e ações de transferência de tecnologia.


O projeto, executado pelo IFMA (Instituto Federal do Maranhão) com apoio do MIR, resultará em impacto positivo para as comunidades quilombolas de Alcântara/MA, que desde a década de 80 são expostas a situações de extrema pobreza e violação de direitos.


Outros R$ 2 milhões serão destinados à regularização fundiária quilombola. Esta parceria do MIR com o INCRA também conta com o apoio do Ministério da Cultura, do Iphan e da Fundação Cultural Palmares.


Também foi anunciado um investimento de R$ 4,4 milhões em uma chamada pública de incentivo à produção cultural, economia de axé e agroecologia.


A ação é voltada para Povos e Comunidades Tradicionais (PCTs), quilombolas e ciganos. Serão financiados os projetos que se propuserem a valorizar a cultura desses povos e a produzir representações distintas do que está hegemonicamente estabelecido no imaginário social brasileiro.


Pretende-se ainda fomentar a agroecologia, reafirmando práticas sustentáveis de desenvolvimento nos territórios, sem perder de vista a preservação da biodiversidade e dos saberes tradicionais.


Além disso, serão contempladas iniciativas voltadas à economia criativa, por meio da geração de renda a partir da cultura de axé, uma forma de valorização da identidade negra e da ancestralidade.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou à CNN nesta segunda-feira que a reparação histórica com os negros está em curso, mas que é preciso avançar.


“Quando a gente fala dessa dívida, é cuidar do agora. Eu acho que a reparação [histórica] está em curso, mas temos muito para avançar. Acho que a gente tem dado passos num caminho para que as pessoas entendam de uma vez por todas que racismo é crime, que pessoas negras estão preparadas e habilitadas para estarem em todos os lugares de poder de decisão. E a gente vai seguir avançando, sem retroceder.”


“Ainda temos pessoas que não se sensibilizam quando um jovem negro é assassinado, quando um jovem quilombola é morto, quando acontece o crime de racismo. É por isso que a gente precisa pensar e falar dentro do nosso eixo de memória e reparação, dentro da recriação e restruturação do ministério da Igualdade Racial, mas pensar ações concretas”, disse a ministra. (Com CNN)

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