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Governo deve criar novo ministério para cuidar do patrimônio da União

Ministro da Economia diz que a ideia será tema da campanha do presidente Jair Bolsonaro à reeleição, em 2022

02/12/2021 - 07h32

De Brasília 

O ministro Paulo Guedes (Economia) (Foto: Divulgação )

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a criação de um novo ministério para cuidar do patrimônio da União, na contramão do discurso de austeridade fiscal. Durante evento sobre avaliação de estatais, realizado ontem pelo ministério, ele citou a nova pasta como uma das plataformas de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022, a fim de gerar recursos para o combate à pobreza por meio de privatizações.


De acordo com o ministro, o "Ministério do Patrimônio da União" teria de R$ 3 trilhões a R$ 4 trilhões em ativos para administrar, sendo R$ 1,2 trilhão de imóveis da União, R$ 800 bilhões das estatais federais e R$ 1 trilhão a R$ 2 trilhões de recebíveis. "O Estado brasileiro não pode ser rico", disse Guedes. Ele afirmou que vem conversando com Bolsonaro sobre o assunto. Segundo o ministro, a venda desses ativos formaria um fundo para a erradicação da pobreza.


Num pronunciamento cheio de críticas aos governos do PT e ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, Guedes voltou a afirmar que a União "é a maior imobiliária do mundo" e que os imóveis, que valem mais de R$ 1 trilhão, "estão juntando mato". Analistas, no entanto, criticaram a ideia. "É curioso que o ministro da Economia, no fim do terceiro ano de governo, às vésperas das eleições, exatamente quando o Congresso vota uma PEC para dar calote nos precatórios, cogite a criação de uma nova pasta. Há muito o que fazer no que diz respeito ao patrimônio da União, sem a necessidade de mais um ministério", afirmou Gil Castello Branco, secretário-geral da Associação Contas Abertas.


Castello Branco lembrou que, na Esplanada dos Ministérios, a poucos metros do gabinete do ministro da Economia, há um prédio inteiro vazio há quase seis anos, o Bloco O. Enquanto isso, de janeiro até o último dia 29 de novembro, o governo gastou R$ 1,2 bilhão com aluguéis, apesar de, em 2016, o então Ministério do Planejamento ter iniciado concorrência pública para a reforma do prédio, que economizaria R$ 11,5 milhões de aluguel. "A reforma não saiu do papel. O prédio pode abrigar 1,7 mil servidores", destacou. "O Bloco O é um monumento ao desperdício, consumindo, há anos, gastos com manutenção. Enquanto isso, há inúmeros órgãos públicos instalados em espaços alugados em diversos pontos da cidade", emendou.


O especialista lembrou que, apesar das promessas de privatização, a União possuía, em julho, 113 estatais, que empregavam 447 mil servidores. "A União talvez seja a pior imobiliária do mundo. Não creio que a solução dos problemas passe pela criação de um novo ministério e de mais um fundo", reforçou Castello Branco.

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