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MEC aciona Polícia Federal e anula três questões do Enem 2025

Pasta afirma apurar possível uso de informações de pré-testes do Inep em curso preparatório on-line

Conjuntura Online
18/11/25 às 17h43
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O prédio do Ministério da Educação em Brasília (Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo)

O MEC (Ministério da Educação) informou que vai acionar a Polícia Federal e anular três questões por conta de um universitário que antecipou perguntas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) de 2025.

Cinco dias antes da prova, o estudante corrigiu questões praticamente idênticas às que caíram na prova do último domingo.

Em seu perfil nas redes sociais, Edcley Teixeira afirma que participa dos pré-testes realizados pelo Inep, instituto do MEC responsável pela aplicação do exame, e que consegue lembrar de detalhes das perguntas. Com isso, ele vende aulas on-line como curso preparatório.

Em nota, o MEC informou que a Polícia Federal foi acionada para apurar a conduta e autoria na divulgação das questões e que a equipe técnica que faz parte da comissão responsável pela montagem das provas analisou as circunstâncias e decidiu, com base em informações sobre a montagem do teste, pela anulação de três itens aplicados na prova.

"Nenhuma questão foi apresentada tal qual na edição de 2025 do exame. Na divulgação observada nas redes sociais, foram identificadas similaridades pontuais entre os itens", diz a nota.

A live foi transmitida pelo YouTube. Segundo a plataforma, ela foi realizada no dia 11 de novembro de 2025 no canal de Edcley. No item 34, ele apresenta uma questão de Biologia sobre espécies que evoluem e se mantêm restritas a alguns ambientes específicos. A prova do Enem deste ano apresentou uma pergunta sobre o mesmo tema com o enunciado diferente do que foi usado por Edcley, mas com quatro das cinco alternativas idênticas às do professor - inclusive a resposta correta.

Nos stories, ele ainda listou as perguntas que utilizou com seus alunos antes da prova. Uma delas, sobre ruído sonoro, reproduz todas as alternativas idênticas, a mesma função logarítmica e também todos os valores envolvidos na questão.

Em suas postagens, Edcley afirma que também teve acesso antecipado a questões do Enem de 2023 e de 2024 antes da prova. E que trabalhou esses itens em seu curso preparatório. O GLOBO procurou o jovem, que não respondeu aos contatos da reportagem.

Confira, abaixo, a nota na íntegra, publicada no site do MEC:

O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) reafirma a isonomia, lisura e validade das provas do Enem 2025.

Ao identificar relatos de antecipação de questões similares às do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2025, a equipe técnica que faz parte da comissão assessora responsável pela montagem das provas analisou as circunstâncias e decidiu, com base em informações sobre a montagem do teste, pela anulação de três itens aplicados na prova.

O Enem utiliza a TRI (Teoria da Resposta ao Item) para apuração de seus resultados. A metodologia demanda que os itens sejam pré-testados. Os estudantes que participam de pré-testes têm contato com itens que podem vir a compor o Enem em alguma edição.

Nenhuma questão foi apresentada tal qual na edição de 2025 do exame. Na divulgação observada nas redes sociais, foram identificadas similaridades pontuais entre os itens.

A Polícia Federal foi acionada para apurar a conduta e autoria na divulgação das questões e garantir a responsabilização dos envolvidos por eventual quebra de confidencialidade ou ato de má-fé pela divulgação de questões sigilosas de forma indevida.

O Inep promove diversas estratégias para calibrar as questões que compõe o Banco Nacional de Itens e podem ser usadas na elaboração das provas do Enem. Os processos envolvem rigorosos protocolos de segurança, que foram cumpridos em todas as etapas do exame.

Entenda o caso
Em 2022, Edcley gravou um vídeo "denunciando" que cursinhos utilizavam a prova Prêmio Talento Capes Universitário para ter acesso a questões que seriam feitas no exame — exatamente a estratégia que ele passou a adotar a partir do ano seguinte.

No vídeo publicado em 29 de setembro de 2022, elecomeça a gravação dizendo que explicaria "como os grandes cursinhos, que não posso citar nomes, hackeiam o Enem". Ele também classifica a estratégia, que passou a utilizar nos três anos seguintes para vender cursos preparatórios, como "vazamento".

Antes da aplicação do Enem, o Ministério da Educação testa as questões em diferentes avaliações nacionais para medir a qualidade das perguntas e seus níveis de dificuldade. Esses são os pré-testes, dos quais Edcley diz participar.

Edcley afirma ainda no vídeo que o Banco Nacional de Itens, um repositório de questões do Inep, estava sofrendo com a falta de questões — uma informação publicada por O GLOBO no final de 2021. Por isso, o MEC precisava pré-testar as questões no mesmo ano em que elas eram utilizadas pela prova do Enem. Assim, era possível conhecer as perguntas no pré-teste e trabalhá-las para a próxima edição do exame.

— Os cursinhos estão atentos. O vazamento acontece na prova do Talento Universitário. Muitos cursinhos usam seus alunos para fazer essas provas e decorar as questões. Sabe-se que muitas das questões do Talento Universitário são descartadas, mas outras acabam na prova — afirmou ele na gravação.

Ainda segundo Edcley no vídeo, isso fragiliza o Enem.

— Os itens deveriam ser testados com anos de diferença para a prova — defendeu.

No ano seguinte, no entanto, ele passou a tratar a situação de outra forma. Num material que ele disponibiliza em 2023 chamado "Essas questões estarão no Enem 2023", Edcley afirma que teve "a oportunidade de participar do pré-teste do Enem, o Prêmio Capes Talento Universitário, uma prova na qual o Inep avalia possíveis questões para o Enem", e que "com a colaboração de cinco amigos" conseguiu se lembrar "de 90 questões inéditas". (Com O Globo)

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