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Meta lucrou US$ 16 bi com anúncios de golpes e produtos ilegais em 24, diz agência

Documentos internos apontam que plataformas da empresa, como Facebook e Instagram, exibiram todos os dias até 15 bilhões de anúncios com fortes indícios de fraude

Conjuntura Online
06/11/25 às 10h47
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A empresa Facebook é uma das principais avaliadas durante investigações (Foto: Dado Ruvic /Reuters)

A Meta lucrou cerca de US$ 16 bilhões em 2024 com anúncios de golpes e produtos proibidos, apontam documentos internos da empresa obtidos pela agência Reuters. O valor corresponde a 10% da receita anual da empresa.

Os arquivos mostram que, por pelo menos três anos, a dona do Facebook, Instagram e WhatsApp falhou em identificar e bloquear uma quantidade enorme de anúncios fraudulentos.

Esses conteúdos expuseram bilhões de usuários a golpes de comércio eletrônico, investimentos falsos, cassinos ilegais e venda de produtos médicos proibidos.

A Reuters teve acesso a diversos documentos, produzidos entre 2021 e 2025 por equipes das divisões de finanças, lobby, engenharia e segurança.

O material reflete os esforços da Meta para medir o tamanho do abuso em suas plataformas — e também sua hesitação em adotar medidas que possam prejudicar seus interesses comerciais.

Segundo um relatório interno de dezembro de 2024, a Meta exibe aos usuários, todos os dias, cerca de 15 bilhões de anúncios classificados como de “alto risco”, com fortes indícios de fraude. A empresa arrecada aproximadamente US$ 7 bilhões por ano com essa publicidade de alto risco, indica outro documento analisado.

Grande parte das fraudes foi cometida por anunciantes sinalizados pelos sistemas de alerta internos da empresa. Mesmo assim, a Meta só bloqueia contas quando seu algoritmo indica que há 95% de certeza que o anunciante está cometendo fraude.

Se o sistema apontar que o anunciante é um provável golpista, mas com menor grau de certeza, a Meta aplica taxas maiores, como forma de penalidade, segundo os documentos. A intenção seria desestimular a publicação de anúncios suspeitos.

Os relatórios indicam ainda que quem clica em anúncios fraudulentos tende a receber mais conteúdo do tipo. Isso ocorre devido ao sistema de personalização da Meta, que mostra anúncios com base nos interesses e interações dos usuários.

Meta diz que número estimado era 'abrangente'

Em um comunicado enviado à Reuters, o porta-voz da Meta, Andy Stone, afirmou que os documentos vistos pela reportagem “apresentam uma visão seletiva que distorce a abordagem da Meta em relação a fraudes e golpes”.

A estimativa interna da empresa de que obteria 10,1% de sua receita de 2024 com golpes e outros anúncios proibidos era “aproximada e excessivamente abrangente”, disse Stone.

A empresa determinou posteriormente que o número real era menor, porque a estimativa incluía “muitos” anúncios legítimos também, afirmou ele. Ele se recusou a fornecer o número atualizado.

“A avaliação foi feita para validar nossos investimentos planejados em integridade – incluindo o combate a fraudes e golpes – o que fizemos”, disse Stone.

“Combatemos agressivamente fraudes e golpes porque as pessoas em nossas plataformas não querem esse conteúdo, os anunciantes legítimos não o querem e nós também não”, acrescentou.

"Nos últimos 18 meses, reduzimos em 58% as denúncias de anúncios fraudulentos em todo o mundo. Em 2025, até agora, removemos mais de 134 milhões de anúncios fraudulentos", disse Stone.

Plataformas envolvidas em um terço dos golpes nos EUA

Outros relatórios indicam que a empresa prometeu reforçar o combate a fraudes.

Em um documento de 2024, a Meta estabeleceu reduzir em até 50% os golpes com anúncios em alguns mercados. Há também registros de gerentes elogiando equipes por esforços bem-sucedidos nesse trabalho.

Ao mesmo tempo, os documentos mostram que a própria pesquisa da Meta indica que seus produtos se tornaram um pilar da economia global de fraudes.

Em uma apresentação de maio de 2025, a equipe de segurança da empresa estimou que as plataformas da Meta estavam envolvidas em um terço de todos os golpes bem-sucedidos nos EUA.

A Meta também reconheceu, em outros documentos internos, que alguns de seus principais concorrentes estavam fazendo um trabalho melhor na eliminação de fraudes em suas plataformas.

"É mais fácil anunciar golpes nas plataformas da Meta do que no Google", concluiu uma análise interna da Meta em abril de 2025 sobre comunidades online onde fraudadores discutem suas atividades. O documento não apresenta os motivos por trás dessa conclusão.

Preparando-se para multas de até US$ 1 bi

Os documentos deixam claro que a Meta pretende reduzir, no futuro, seu fluxo de receita ilícita.

Mas a empresa teme que cortes abruptos na receita de publicidade fraudulenta possam impactar suas projeções de negócios, segundo um documento de 2025 que discute o impacto da chamada "violação de receita" — anúncios que violam os padrões da Meta, como golpes, jogos ilegais, serviços sexuais ou produtos de saúde duvidosos.

Os registros mostram que a Meta planeja tentar reduzir a parcela de receita do Facebook e do Instagram proveniente de anúncios fraudulentos. Ao mesmo tempo, a empresa reconheceu internamente que multas regulatórias para esse tipo de anúncio são inevitáveis e podem chegar a até US$ 1 bilhão, segundo um documento interno.

No entanto, essas multas seriam muito menores do que a receita da Meta com anúncios fraudulentos, segundo um outro documento de novembro de 2024. A cada seis meses, a empresa obtém US$ 3,5 bilhões apenas com os anúncios considerados de "maior risco legal", como aqueles que falsamente representam marcas ou figuras públicas, ou que apresentam outros sinais de engano.

O valor, segundo o documento, provavelmente supera "o custo de qualquer acordo regulatório envolvendo anúncios fraudulentos". Em vez de tomar medidas voluntárias para revisar os anunciantes, a liderança da Meta decidiu agir apenas diante da perspectiva de uma ação regulatória iminente.

Andy Stone, porta-voz da empresa, contestou essas interpretações, afirmando que a Meta não age apenas quando é pressionada: “Essa não é a política da empresa”, disse ele. (Da Reuters)

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