A visão dos jovens brasileiros sobre o futuro, em meio a pautas como identidade, educação, empregabilidade e desigualdade, é o tema do relatório Next Generation Brasil 2025.
O estudo, que reuniu a percepção de mais de 3 mil jovens de 16 a 35 anos de todas as regiões, é o material mais abrangente já realizado pela instituição British Council no país.
Ao analisar os níveis de escolaridade, o documento propõe reflexões sobre questões inerentes à formação educacional dos jovens brasileiros.
Além disso, a pesquisa revela profundas desigualdades sociais e territoriais na educação, que vão da infraestrutura precária e currículos defasados a barreiras econômicas e digitais que limitam o acesso a uma aprendizagem de qualidade e a melhores oportunidades de trabalho.
Esses dados e relatos mostram ainda como os obstáculos atingem de forma desproporcional os grupos marginalizados e reforçam a urgência de grandes reformas para garantir condições mais equitativas de preparação para o futuro.
Educação, trabalho e desigualdades
A educação foi identificada como um dos desafios mais urgentes, segundo os indicadores observados na análise.
Metade dos jovens de 19 a 24 anos não possui ensino superior completo nem está estudando, e a evasão escolar reflete a desigualdade racial (dois terços dos que não concluíram o Ensino Médio são pretos ou pardos).
O acesso ao ensino superior é drasticamente desigual, variando de 55% nos grandes centros urbanos para apenas 14% em favelas e 10% em áreas rurais. A juventude indígena, apesar da resiliência e do papel de liderança, ainda luta por políticas de permanência e infraestrutura adequada nas escolas.
Apesar do cenário, os professores são a principal fonte de informação confiável para 69% dos entrevistados. As demandas para a melhoria do ensino são pragmáticas: melhores salários para os docentes, formação aprimorada e melhores instalações.
No mercado de trabalho, o desejo de empreender surge como alternativa: 70% dos jovens têm este sonho, mas 40% citam a falta de acesso a crédito como a principal barreira. Os salários baixos (66%) e longas jornadas (56%) são os maiores pontos de insatisfação.
Engajamento e esperança
Embora 33% dos jovens declarem não confiar em nenhuma instituição pública, o distanciamento não é sinônimo de apatia.
O engajamento aumentaria com contato direto com líderes (22%), plataformas políticas mais claras (23%) e incentivo à participação cívica nas escolas (24%).
Apesar dos desafios, a geração se mantém esperançosa e orgulhosa de sua identidade. As principais fontes de orgulho são a cultura brasileira (48%), a culinária e a família.
Ao olhar para o futuro, as prioridades para os governos são concretas: ampliar empregos e estágios (29%), reduzir a desigualdade e a discriminação (28%), oferecer educação mais prática (26%) e criar programas de saúde mental nas escolas (23%). O relatório conclui que esta é uma geração ansiosa por construir um país mais justo e inclusivo, onde suas vozes sejam efetivamente ouvidas. (Com CNN)