A escalada nos gastos com pessoal da Prefeitura de Campo Grande voltou ao centro do debate público na terça-feira (30), durante a audiência de prestação de contas do segundo quadrimestre de 2025, realizada pela Câmara Municipal.
O encontro, promovido pela Comissão de Finanças e Orçamento, reuniu vereadores e a secretária municipal de Finanças e Planejamento, Márcia Hokama, responsável pela apresentação do relatório de execução orçamentária.
De acordo com os dados, as despesas com pessoal alcançaram R$ 2,208 bilhões, correspondendo a 55,85% da RCL (Receita Corrente Líquida) — índice que ultrapassa o limite máximo de 54% previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Em relação ao mesmo período de 2024, o aumento foi de 5,86%, quando os gastos totalizavam R$ 2,086 bilhões.
Crescimento preocupa e põe em xeque eficácia das medidas de contenção
Mesmo com decretos de contenção e medidas administrativas anunciadas pela Prefeitura para frear contratações e gratificações, o relatório revela avanço contínuo nas despesas, o que gerou críticas e questionamentos dos vereadores. Participaram da audiência os parlamentares Otávio Trad (presidente da Comissão), Landmark, Maicon Nogueira, Ronilço Guerreiro, Luiza Ribeiro e Wilson Lands.
Otávio Trad cobrou mais efetividade nas ações do Executivo.
“Há um pequeno aumento na despesa com pessoal. Por que essa despesa tem crescido gradativamente, se temos uma reforma administrativa aprovada e um decreto em vigor para conter gastos? As medidas precisam surtir efeito prático nos números”, alertou.
O vereador Maicon Nogueira também demonstrou preocupação e defendeu resultados concretos.
“A Câmara acompanha as medidas de contenção, mas é preciso ver reflexos reais. Renovar decretos não basta — o Poder Público precisa dar exemplo em um momento de restrição fiscal”, afirmou.
Já Ronilço Guerreiro destacou a necessidade de melhor planejamento orçamentário na saúde, especialmente para garantir medicamentos e insumos a mães atípicas. Landmark, por sua vez, apontou discrepâncias entre os indicadores e a realidade enfrentada pela população.
“Os números mostram evolução na arrecadação, mas não refletem os desafios que vemos nas unidades de saúde ou nas Organizações da Sociedade Civil, que enfrentam dívidas e dificuldade até para pagar energia elétrica”, criticou.
Reajustes salariais e expansão da rede de ensino pressionam folha
Em resposta, a secretária Márcia Hokama atribuiu o aumento principalmente aos reajustes concedidos nos últimos 12 meses para magistério, guardas municipais, agentes de endemias e servidores com remuneração acima do teto do Executivo.
“Todo aumento concedido impacta ativos e inativos, devido à paridade e integralidade. Além disso, a ampliação da rede, com as Emeis Inápolis e São Conrado — que somam 166 salas de aula —, exigiu novas contratações”, explicou.
Compromisso com transparência
A audiência pública, realizada na sede do Legislativo, cumpre as exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal e reforça o compromisso da Câmara Municipal de Campo Grande com a transparência na gestão dos recursos públicos e o controle das contas municipais.