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Economia

Chuvas fazem serra gaúcha ter perda estimada em R$ 500 mi no turismo

O maior problema é o fechamento de estradas e aeroportos do RS

Com O Globo  - Rio de Janeiro 
17/05/24 às 10h12
Asfalto cede a abre um buraco na Rua Henrique Bertoluci, no bairro Piratini, desmorona após chuva em Gramado (RBS TV/Reprodução)

As chuvas que afetaram mais de 90% das cidades do Rio Grande do Sul deixaram um rastro de incertezas na Serra Gaúcha, principal motor do turismo do estado. Embora a devastação não tenha atingido diretamente os principais pontos de visitação da região das Hortênsias — que abrange Gramado, Canela, Nova Petrópolis e São Francisco de Paula —, as enchentes fecharam estradas e aeroportos.

 Segundo estimativas, o prejuízo pode superar meio bilhão de reais apenas na região nos próximos meses.

— Acreditamos que os prejuízos devem chegar perto de R$ 550 milhões até julho, caso o aeroporto Salgado Filho não volte a operar — afirma Cláudio Souza, presidente do Sindicato do Turismo da Serra Gaúcha. — A gente espera que a situação para o turismo possa melhorar com o cessar das chuvas, a reabertura do aeroporto de Porto Alegre e a recuperação da malha rodoviária.

Souza estima que o turismo na região das Hortênsias terá um prejuízo de R$ 150 milhões apenas este mês. A previsão indica que os municípios serão “muito impactados” até junho, com expectativa de recuperação a partir do mês seguinte. Em Gramado, principal destino da região, o turismo corresponde a 86% da economia. A cidade é conhecida pelas exibições de luzes de Natal e destino de turistas em busca de temperaturas próximas de 0ºC no inverno.

— No momento, temos uma taxa de ocupação no município de 12%. Este valor está muito abaixo dos 60% que costumamos registrar nesta época do ano — lamenta o secretário de Turismo de Gramado, Ricardo Reginato.

O aeroporto Salgado Filho está fechado ao menos até setembro devido ao alagamento. Diante deste cenário, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) elaborou uma malha aérea emergencial com outros dez aeroportos que receberão voos. Segundo a agência, são 116 voos semanais nesta primeira fase do plano de aviação emergencial para a região.

Vinícolas afetadas

Conhecida pelas vinícolas e pelo enoturismo — que proporciona roteiros de imersão nas tradições da bebida —, Bento Gonçalves não foi atingida pelas cheias, mas as chuvas causaram deslizamentos que obstruíram e danificaram as estradas que levam até o município do Vale dos Vinhedos. Em primeiro momento, o prefeito Diogo Oliveira relata que o turismo ficou estacionado, e que a previsão é de um retorno gradual, já que as pistas ainda estão parcialmente bloqueadas.

— Na primeira semana, a queda do turismo foi de 100%. Agora vemos as pessoas retornando, mas muito pouco. É quem mora por perto e olhe lá. Estamos ainda sem acesso a Porto Alegre, e sem o aeroporto de lá. O mais difícil agora é o turista chegar aqui. Pelo menos nossos principais pontos turísticos não foram destruídos — disse ao GLOBO.

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Dona da Vinícola Valparaíso, em Barão, Vale do Caí, Naiana Argente terá de lidar, não só com o prejuízo estrutural de mais de R$ 300 mil, mas também com o cancelamento do enoturismo. Ela e Arnaldo, seu pai, costumavam receber a visita de clientes da região Sudeste, porém, com o impacto das cheias, tiveram que cancelar agendamentos.

— Os eventos foram todos cancelados, meus clientes são todos de fora do Rio Grande do Sul. O estado para o qual mais vendo é São Paulo, sempre vinha gente de lá para conhecer, mas com o aeroporto fechado fica difícil. Estamos um pouco ilhados ainda, com as estradas todas danificadas. A maioria dos que vem visitar é de longe, então isso deixa a gente preocupado. Já tivemos cancelamentos, vamos ter que devolver o dinheiro — diz Naiana.

A Associação Brasileira de Agências de Viagens também demonstrou preocupação com o cancelamento e está promovendo a campanha “Não cancele, remarque”, para dar fôlego ao setor.

Risco de deslizamento

De acordo com a Secretaria de Logística e Transportes do Rio Grande do Sul, as principais rotas para as regiões turísticas de Barão, Gramado e Bento Gonçalves não estão bloqueadas. Contudo, devido às condições climáticas instáveis, os motoristas devem transitar com cautela, pois as liberações ainda são provisórias. Existe riscos de deslizamentos e as estradas são constantemente monitoradas. 

Algumas rotas alternativas são usadas para o transporte de ajuda às vítimas das enchentes e para o abastecimento de produtos. O órgão afirma que “ainda é cedo para avaliar os impactos nas rotas turísticas”. A PRF (Polícia Rodoviária Federal) orienta a população a evitar deslocamentos desnecessários pelas estradas e rodovias do estado.

No caso do trajeto até Gramado, as rotas recomendadas, a partir do aeroporto de Canoas, são as vias RS-020 e RS-115. As autoridades não aconselham que se desloquem pelo município de Esteio, devido ao bloqueio em trecho da BR-116. Os que vêm de Caxias devem optar pela Estrada Linha Ávila, uma vez que a BR-116 está fechada em alguns pontos.

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