O tarifaço imposto pelo presidente dos EUA (Estados Unidos da América) começou a mostrar seus efeitos em Mato Grosso do Sul. Dados oficiais do MDIC(Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) revelam que, em apenas um mês, as vendas do Estado para o mercado norte-americano despencaram pela metade.
Em agosto, logo após a decisão do presidente Donald Trump de taxar em 50% a entrada de diversos produtos brasileiros — entre eles a carne bovina e o café —, os embarques sul-mato-grossenses para os EUA caíram de US$ 47 milhões em julho para apenas US$ 24 milhões.
Por causa disso, o tombo rebaixou os norte-americanos ao posto de sétimo destino das exportações locais, posição inédita depois de anos no topo do ranking.
A China, por outro lado, reforçou seu protagonismo e se manteve como o maior comprador dos produtos de MS. No mesmo período, o gigante asiático importou US$ 366 milhões, garantindo folga na liderança da balança comercial estadual.
A guinada preocupa o setor produtivo e reforça o alerta sobre os impactos que barreiras comerciais podem ter em um estado altamente dependente das exportações do agronegócio.
Para analistas, se a medida norte-americana persistir, pode haver redirecionamento definitivo de mercados e necessidade de ajustes na produção local.
Tarifaço como retaliação política
Nos bastidores, a leitura é de que o tarifaço norte-americano não foi apenas uma medida econômica, mas também uma resposta política às recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Lula chegou a criticar abertamente os Estados Unidos em fóruns internacionais e defendeu a criação de uma nova moeda pelos países do Brics, como alternativa ao dólar. As falas foram mal recebidas em Washington e teriam precipitado o endurecimento nas relações comerciais.
A crise também ocorre em meio ao ambiente de polarização no Brasil. A oposição lembra que, enquanto o agronegócio sofre com o impacto direto das tarifas, Lula e o STF mantêm forte ofensiva contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), hoje em prisão domiciliar, além das sanções internacionais impostas ao ministro Alexandre de Moraes, acusado de extrapolar suas funções.
Para críticos, esse conjunto de fatores fragiliza a imagem do país no exterior e ajuda a explicar a perda de espaço no mercado americano.