Dirigentes de parte dos clubes da Série A que participaram do Conselho Técnico da competição, na quinta-feira, no Rio de Janeiro, pediram à CBF que suspenda a homologação de novos gramados sintéticos até que um estudo seja produzido e que haja uma decisão sobre o assunto.
Uma decisão passaria por possível veto, com transição obrigatória para que clubes se adequem e usem campos naturais. Hoje, não existe sinalização de que esta será a determinação. O que existe é movimento da maioria dos dirigentes contrários à utilização desse tipo de piso.
Eles sugeriram à confederação que ouça os atletas para formar uma convicção sobre o caso – em fevereiro, um grupo de jogadores que incluiu Neymar, Thiago Silva, Gabigol e Philippe Coutinho se manifestou em redes sociais contra o campo artificial.
Em minoria, cinco clubes se manifestaram a favor dos seus gramados sintéticos nesta quinta-feira. Na nota, eles alegavam que "um gramado sintético de alta performance supera, em diversos aspectos, os campos naturais em más condições presentes em parte significativa dos estádios do país".
A CBF, por enquanto, indicou aos clubes que o tema será retomado em fevereiro ou março, quando prevê um novo encontro. Até lá, justamente devido à discussão, não acredita que alguma equipe possa pleitear mudanças em seu estádio.
Não será a primeira vez que a CBF promete estudar o tema. Também no início desta temporada, a entidade encomendou estudo do número de lesões nos dois tipos de campos - não houve grandes discrepâncias de resultados. Mas a CBF, desta vez, quer colocar a questão técnica também na pauta. Há discussões sobre o ritmo de jogo e vantagens competitivas para quem usa o gramado sintético.
A Confederação entende que assuntos mais complexos, como esse, devem ser debatidos com mais subsídios, com a participação dos clubes, para que as decisões não sejam frágeis – por isso, pensa em criar um modelo de governança que inclua, por exemplo, quórum qualificado ou prazo mínimo para que alguns temas sejam reavaliados.
Usa como exemplo o número de estrangeiros, outro debate levantado durante o Conselho desta quinta: até 2023, apenas cinco podiam estar em campo por um time ao mesmo tempo. Primeiro, o limite subiu para sete e, no ano seguinte, para nove. Agora, há percepção ampla entre os clubes de que é preciso diminuir.
Rebaixamento também em pauta
Assim como o gramado sintético, o número de estrangeiros e a possibilidade de diminuição dos rebaixados para a Série B também devem estar na pauta da reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. Sobre o último tema, é necessário colocar no debate também as equipes da segunda divisão, que seriam diretamente afetadas.
Não há, porém, a promessa de que esses assuntos serão resolvidos neste próximo encontro, mas de que as discussões serão retomadas. A questão do gramado é a que deve gerar mais atrito.
O Flamengo é o clube que tem se posicionado de forma mais incisiva sobre isso – impulsionado, também, pela recente rivalidade com o Palmeiras, que desde 2020 utiliza esse piso no Allianz Parque.
Nesta semana, o clube carioca protocolou uma proposta à CBF para que a entidade proíba os campos artificiais, com um período de transição na Série A até 2027, um ano a mais para clubes da Série B.
A ação do Flamengo gerou protesto dos cinco clubes que jogarão a primeira divisão no ano que vem em estádios com piso sintético, o Athletico-PR, o Atlético-MG, o Botafogo, a Chapecoense e o Palmeiras.
O Brasileiro de 2026 pode ter até 30% de seus jogos disputados em estádios com gramado sintético. A CBF quer enfrentar o tema sem novos adiamentos do caso, também vai atacar — prometem seus dirigentes — a qualidade dos gramados naturais nos campos brasileiros. (Com ge - SP e Rio)
