Endereços ligados ao advogado Nelson Wilians foram alvos de busca e apreensão nesta sexta-feira, 12, durante nova fase de operação da PF (Polícia Federal) contra as fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
De acordo com o inquérito, o escritório do advogado recebeu dinheiro de envolvidos no esquema e fez uma transferência para Maurício Camisotti, que foi preso hoje e é suspeito de ser sócio oculto de uma das associações envolvidas no esquema.
A PF suspeita que as operações tinham o objetivo de lavagem de dinheiro.
Em nota, a defesa de Nelson Wilians afirmou que o cliente "tem colaborado integralmente com as autoridades e confia que a apuração demonstrará sua total inocência".
"Nelson Wilians já afirmou, anteriormente, que sua relação com um dos investigados — seu cliente na área jurídica — é estritamente profissional e legal, o que será comprovado de forma cabal. Os valores por ele transferidos referem-se à aquisição de um terreno vizinho à sua residência, transação lícita e de fácil comprovação", alegou.
"Ressaltamos que a medida cumprida é de natureza exclusivamente investigativa, não implicando qualquer juízo de culpa ou responsabilidade. O advogado permanece à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários e reafirma seu compromisso com a legalidade e a transparência", acrescentou o comunicado.
Quem é Nelson Wilians
Nelson Wilians é CEO e sócio-fundador do escritório NWADV (Nelson Wilians e Advogados Associados), que tem sede em São Paulo (SP) e outras unidades em vários estados brasileiros.
O advogado é natural de Cianorte, cidade no Paraná. Ele é formado em Direito pela Instituição Toledo de Ensino, que está localizada em Bauru, no interior de São Paulo.
Em seu perfil no Instagram, Nelson Wilians acumula mais de 1,5 milhão de seguidores. Ele se define como "advogado empreendedor", destaca que é colunista e que já foi capa da edição nº 120 da Forbes.
Nas redes sociais, o advogado costuma compartilhar fotos do seu escritório, de viagens com a família e de artigos escritos por ele. Nelson também publica imagens de carros de luxo. Em um post de 2024, ele mostrou fotos de uma Lamborghini e de uma Ferrari e escreveu: "Uma de minhas paixões e meu "esporte" favorito: carros".
Nos últimos anos, o advogado ficou ainda mais famoso por ter defendido Rose Miriam, a mãe dos três filhos de Gugu, e as gêmeas Sofia e Marina Liberato no caso da herança do apresentador que morreu em 2019. A família chegou a acordo e encerrou a disputa por R$ 1,4 bilhão em dezembro de 2024.
Operação Cambota
Durante a ação de hoje, a PF prendeu Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS", e o empresário Maurício Camisotti.
Segundo a investigação, o "Careca do INSS" é apontado como um dos principais operadores no esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões.
Os agentes saíram para cumprir dois mandados de prisão preventiva e 13 mandados de busca e apreensão em São Paulo e no Distrito Federal. As ordens judiciais foram autorizadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Em nota, a defesa de Camisotti diz que "não há qualquer motivo que justifique sua prisão". O Terra tenta localizar os advogados de Antonio Carlos Camilo Antunes.
Durante o cumprimento dos mandados em São Paulo, foram apreendidas obras de arte e esculturas eróticas. No Distrito Federal, os policiais apreenderam uma Ferrari e uma réplica da McLaren de Ayrton Senna.
A operação de hoje, batizada de Cambota, é um desdobramento da Operação Sem Desconto. A ação apura os seguintes crimes:
impedimento ou embaraço de investigação de organização criminosa;
dilapidação e ocultação de patrimônio;
possível obstrução da investigação por parte de alguns investigados.
O que dizem as investigações?
O "Careca do INSS" foi um dos alvos da Operação Sem Desconto, deflagrada em abril. As investigações indicaram que integrantes do INSS e de associações desviaram até R$ 6,3 bilhões, entre 2019 e 2024, em recursos de aposentados e pensionistas por meio da folha de pagamento.
As vítimas da fraude tiveram descontos não autorizados em seus benefícios e grande parte dos valores foi destinada a ex-integrantes do INSS. Segundo a PF, esses desvios teriam sido intermediados pelo "Careca do INSS". Ele é apontado como figura central e principal operador do esquema de repasses irregulares.
Segundo a Polícia, pessoas e empresas relacionadas ao lobista receberam, no total, R$ 53,5 milhões de desvios. O lobista teria repassado R$ 9,3 milhões a servidores do INSS suspeitos de corrupção. (Com Portal Terra)