Mensagens, extratos e movimentações bancárias encontradas nos celulares apreendidos na Operação Ultima Ratio revelaram detalhes de um esquema de venda de sentenças no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).
A Polícia Federal concluiu, em laudo pericial obtido pela TV Globo e pelo g1, que os dados extraídos dos aparelhos foram cruciais para comprovar a atuação criminosa de desembargadores investigados.
Um dos telefones analisados pertence ao desembargador Alexandre Bastos, que, segundo a PF, movimentou pelo menos R$ 276 mil em dinheiro vivo entre 2022 e 2024, dos quais R$ 219 mil não têm origem identificada.
O valor, de acordo com o relatório, teria sido usado para pagar despesas pessoais, como a compra de um carro de luxo, com indícios de que se trata de dinheiro obtido ilegalmente com a comercialização de decisões judiciais.
A defesa de Bastos não se manifestou até o momento. A operação Ultima Ratio foi desencadeada pela PF em outubro de 2024, por ordem do STJ, e dias depois o processo passou para o Supremo Tribunal Federal, sob relatoria do ministro Cristiano Zanin. Durante as buscas, foram encontradas armas e mais de R$ 3 milhões em espécie, sendo R$ 2,7 milhões apenas na casa de um dos magistrados.
A investigação, que durou três anos, aponta suspeitas de crimes como lavagem de dinheiro, extorsão e falsificação. O nome da operação faz referência ao princípio jurídico “Ultima Ratio”, segundo o qual a Justiça deve ser o último instrumento a ser usado pelo Estado diante do crime.