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Com decisão apertada do Copom, Ibovespa fecha em queda de 1% e dólar a R$ 5,14

Mercado vê placar estreito como indicação sobre mudanças no perfil da autoridade monetária a partir de 2025

10/05/2024 - 08h29

São Paulo 

Com Reuters 

Painel de cotações na B3, em São Paulo (Foto: Amanda Perobelli/Reuters )

O Ibovespa encerrou em queda e o dólar subiu ante o real nesta quinta-feira (9), com mercados reagindo à decisão bastante apertada do Banco Central na redução dos juros e indicações sobre mudanças no perfil da autoridade monetária a partir de 2025.


O Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou na véspera a redução da Selic em 0,25 ponto percentual (p.p.), a 10,50% ao ano. O comunicado também mostrou o abandono da indicação sobre o futuro dos juros básicos, chamada nos mercados de “guidance”.


O principal índice do mercado doméstico encerrou a sessão com perda de 1%, aos 128.888 pontos, tmabém com noticiário corporativo movimentado, com Eletrobras e Banco do Brasil entre as maiores perdas após divulgarem seus respectivos resultados, enquanto Rede D’Or foi destaque positivo após acordo com o Bradesco para uma nova rede hospitalar.


A percepção de aumento do risco no Brasil, após a decisão do BC na véspera sobre a Selic, deu fôlego ao dólar, que encerrou a sessão com avanço de 1,02%, negociado a R$ 5,143 na venda.

Na mesma hora, o dólar saltava mais de 1,2%, acima dos R$ 5,15 na venda.


A terceira reunião do Copom em 2024 encerrou com definição de redução de 0,25 ponto percentual (p.p.), rebaixando a Selic a 10,50% ao ano, conforme já era esperado pelos analistas.


O grupo majoritário inclui todos os nomeados ao BC pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro: o presidente Roberto Campos Neto, além dos diretores Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes.


Já Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira — todos indicados pelo governo Lula — defenderam o ritmo de queda de 0,50 ponto mantido pelo BC nos últimos seis encontros, desde que começou o atual ciclo de afrouxamento monetário.


Para analistas do mercado, o placar apertado da decisão do dá sinais de como será o comportamento do colegiado no futuro.


“Há uma unanimidade entre os novos diretores. [O que] eventualmente já sinaliza para um BC que no futuro próximo pode ter uma cabeça mais dovish [suave], pro juro mais baixo”, avalia Paulo Gala, economista chefe do Banco Master.


Na mesma linha, Beto Saadia, economista e diretor de investimentos da Nomos, pontua que a divisão do colegiado é algo raro e que “obviamente sinaliza um pouco da filosofia de como vai ser o Banco Central no futuro”.


Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, chamou a atenção para a complexidade da situação, conforme o dólar avança após um movimento de corte menor nos juros que deveria, na verdade, favorecer o real. Isso porque a moeda local fica mais atraente para investidores estrangeiros quando o Brasil oferece rendimentos mais elevados.


Segundo Rostagno, embora tenha prevalecido neste Copom uma ala de diretores que prioriza o controle da inflação — e que tende a ser mais cautelosa na redução dos juros —, o mercado sabe que muitos membros dessa vertente estão de saída.


“O mercado já está olhando para frente, vendo um risco mais adiante e colocando isso no preço. Há perspectiva de o balanço dentro do Copom se mover na direção de um colegiado mais expansionista, mais pró-crescimento econômico em detrimento de maior controle da inflação e da estabilidade macro.”


Sem sinalização de novos cortes


Ao contrário das últimas reuniões, quando o BC deixava anteposto um cenário de manutenção de queda para os próximos encontros, desta vez não houve nenhum tipo de sinalização.


“O Comitê também reforça, com especial ênfase, que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.”


Segundo nota, o colegiado concordou de forma unânime que o cenário global incerto e a resiliência na atividade doméstica e expectativas desancoradas “demandam maior cautela”.

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