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Por causa do metanol, bares já temem impactos nas festas de fim de ano

Os empreendimentos já amargam queda de até 50% no faturamento

Conjuntura Online
07/10/25 às 08h05
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Movimentação em bares depois de intoxicações com bebidas contaminadas com metanol. Bares na Rua Matias Aires esquina com Rua Augusta (Foto: Edilson Dantas/O Globo)

O primeiro fim de semana após o início da onda de intoxicações por metanol foi de movimento abaixo do habitual nos bares de São Paulo. A queda de público, inclusive, já se reflete em cifras, e alguns estabelecimentos relatam uma retração de até 50% no faturamento.

Enquanto as ocorrências continuam em patamares elevados — na segunda-feira, o Ministério da Saúde informou que são 217 notificações em 13 estados, sendo 17 casos confirmados —, o setor já teme até mesmo possíveis impactos no período de fim de ano, preocupação que também acomete o governo estadual.

A Fhoresp (Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo) estima uma redução geral de 20% a 30% nos negócios desde que a crise começou.

O prejuízo é ainda mais acentuado com destilados como vodca, uísque e gim — os três tipos de bebida associados às contaminações —, cujas vendas chegaram a cair pela metade em alguns locais. Um cenário que só não é ainda mais gritante por conta do comportamento adaptado dos próprios consumidores.

— Já se verifica também que o faturamento com destilados está sendo parcialmente substituído pela receita advinda de outras bebidas que não sofrem o impacto desta crise, como vinhos, cervejas e produtos não alcoólicos — pondera Edson Pinto, diretor-executivo da Fhoresp.

Para donos de bares especializados em coquetelaria, porém, o caso é comparado a uma “pandemia particular”. A baixa súbita no número de clientes forçou empresários a buscarem medidas urgentes para lidar com a desconfiança do público. Sócio do Cordial Bar, no Centro paulistano, Cesar Rivitti conta que vem estudando soluções coletivas, como a criação de uma espécie de certificação de confiabilidade junto a outros estabelecimentos:

— A ideia seria chamar bares que conhecemos para criar um selo “centro seguro”, talvez com a ajuda das marcas e da prefeitura, para a pessoa saber que dá para beber nesses locais.

A sugestão encontra eco na gestão estadual. Na segunda-feira, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou que pretende firmar um convênio com fabricantes de bebidas alcoólicas para estabelecer algum tipo de chancela oficial a estabelecimentos como bares, restaurantes e distribuidoras que desejem atestar que operam com produtos de origem comprovada. A proposta surgiu numa reunião no Palácio dos Bandeirantes com diferentes representantes do setor, como a Abrabe (Associação Brasileira de Bebidas), a ABBD (Associação Brasileira de Bebidas Destiladas) e cinco grandes empresas da indústria de destilados.

— Esse programa vai envolver treinamento, comprovação de origem, a questão da nota fiscal. A gente vai inspecionar uma série de itens e vai dar um selo de qualidade — resumiu o governador.

‘Não é o que vai derrubar’
Enquanto o selo não vem e a crise não arrefece, comerciantes buscam maneiras de manter a fé dos clientes em seus produtos. Luiz Felippe Mascella, um dos responsáveis pela coquetelaria Regô, conta que já tem enviado preventivamente ao seu público documentos comprovando a procedência das bebidas:

— Eu sobrevivi a dois anos de pandemia. Não é isso que vai me derrubar — garante ele.

No restaurante O Mineiro, a saída de apenas três caipirinhas na noite da última sexta-feira ilustrou uma tendência do período: a troca do destilado pela cerveja. Fausto Saez, sócio do Grupo Azim — das casas Salve e Jorge, Posto 6, ÔMadá e Patriarca — também identificou a mudança na preferência dos clientes no último final de semana:

— A sexta-feira foi mais fraca, só um dos bares do grupo teve bom movimento. Mas no sábado e domingo o clima ajudou, e as casas ficaram cheias em diversos momentos. Ainda assim, tivemos uma queda geral no público de 20%, e uma redução de cerca de 80% nas vendas de destilados.

Internamente, o governo de São Paulo já admite o receio de que os efeitos do quadro perdurem até as festas de fim de ano, com eventuais impactos mais amplos na economia do estado. Ao contrário do Ministério da Saúde, cujo titular, Alexandre Padilha, recomendou repetidas vezes que a população evite ingerir destilados, a gestão estadual frisa que o principal objetivo é “restabelecer a confiança” do consumidor e cita parcerias com a iniciativa privada. Após o encontro com representantes do setor na segunda-feira, o governador Tarcísio de Freitas chegou a brincar com o panorama atual:

— Eu não vou me aventurar aqui nessa área, que não é minha própria. No dia em que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar. Ainda bem que ainda não chegaram nesse ponto.

Na entrevista coletiva diária em que os números da crise vêm sendo atualizados, sempre no início da noite, Padilha comentou a declaração do governador e pontuou que o “Ministério da Saúde preza pela vida”. Desde a semana passada, os governos estadual e federal têm trocado farpas sobre o enfrentamento ao problema, que passam, por exemplo, pela divergência sobre o possível envolvimento do crime organizado. O ministro, porém, destacou a parceria com os órgãos locais:

— Quando começaram a surgir os casos notificados de São Paulo que mostravam que agosto e setembro tinham quase a mesma quantidade de casos do país inteiro na série histórica dos últimos anos, nós não só ficamos preocupados, como começamos a agir, em sintonia o tempo todo, inclusive com a secretaria estadual de Saúde de São Paulo e com a rede do SUS pelo país. (Com O Globo - SP)

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