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Suspeita de pelo encravado leva homem a descobrir câncer de mama aos 38

O tumor na região é raro em pessoas do sexo masculino, e geralmente está ligado a fatores genéticos

Conjuntura Online
10/10/25 às 13h59
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Rodrigo Fassina e a esposa, Meire: descoberta do câncer de mama masculino aos 38 anos (Foto: Acervo pessoal)

Faz mais de quatro anos desde que o músico Rodrigo Fassina, 43, fez sua apresentação favorita. Vestido de regata branca, calça de alfaiataria, suspensório e usando um bigode e par de dentes postiço, Fassina interpretou três clássicos do rock, tendo de fundo uma gravação preparada com antecedência pelos colegas de banda: "Another One Bites the Dust, I Want to Break Free e We are The Champions", lembra, todas do grupo Queen, de Freddie Mercury.

O perfil do público, composto por doutores, enfermeiros e pacientes de um centro oncológico da rede A.C. Camargo, tinha motivo. O show era uma forma de agradecimento, uma vez que o próprio Fassina terminava o tratamento de quimioterapia a caminho de superar um tumor considerado raro em homens: o câncer de mama.

"Apesar de ser uma doença com uma incidência muito alta em mulheres - 1 entre cada 8 no decorrer da vida podem vir a desenvolvê-la - menos de 1% desses tumores são diagnosticados em pessoas do sexo masculino", diz Pedro Exman, oncologista e coordenador do grupo de tumores de mama e ginecológicos do Hospital Alemão Oswaldo Cruz .

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Referências famosas da doença são raras, a exemplo de Mathew Knowles, pai de Beyoncé. Com o número reduzido de casos, vem um maior deserto de informação - e portanto surpresas - para quem passa pela doença. "Como eu a descobri foi a coisa mais estranha", exemplifica Fassina.

Como descobri o câncer de mama?
Quando foi diagnosticado em meados de abril de 2021, Fassina tinha dois nódulos na mama - juntos, medindo 6 cm de diâmetro. O músico diz que notou um conjunto de sinais estranhos com a ajuda da esposa Meire, 43 , que os levaram a procurar ajuda médica:

Caroço próximo do mamilo direito: "Fui deitar de bruços e senti uma bolinha do lado do mamilo. Ela ficava movimentando, mas sempre voltava para o mesmo lugar. Era sintoma de nódulo. Se fosse uma infecção ou alguma coisa assim, ela não ficaria voltando assim."
Mamilo retraído: "Minha esposa comentou: 'Espera aí, seu bico do peito está retraído'; todo para dentro. Só saía se eu mexesse nele, mas voltava logo de seguida."
Em geral, os sintomas do tumor são os seguintes, segundo lista Exman:

Presença de lesões nodulares na mama;
Dor;
Alteração do mamilo;

Presença de nodulação ou massa na axila;

Pele avermelhada

Na visita ao pronto socorro, veio uma primeira hipótese: o problema notado na cama seria um pêlo encravado. "O médico não tinha muita experiência", conta Fassina. O casal foi então atrás de uma nova consulta. "[O doutor] apalpou a região e foi quando sentiu que, opa, aquilo não era uma infecção, era um nódulo - pela textura dele, por não ser tão redondinho e bonitinho assim", comenta.

Fassina foi encaminhado para uma mastologista, passou por mamografia e outras triagens para confirmar a presença do tumor. Entre a descoberta e o início do tratamento, foram cerca de dois meses. O receio, na época, era de que o câncer já tivesse entrado em metástase e se espalhado, tornando a luta do paciente mais complicada. "Tive que fazer tomografia do pulmão, do abdômen, um monte de exame. Graças a Deus, era só na mama mesmo", conta.

A quimioterapia começou no dia 18 de junho, levou a perda de cabelo, queda das unhas e fraqueza corporal, mas progrediu bem. "Fiz seis sessões. Na primeira que fiz, diminuiu 2 cm do tumor. acho que na quarta sessão já não tinha mais nada", explica.

Ainda assim, precisou se submeter a mastectomia bilateral, cirurgia para a retirada das duas mamas. "Em virtude do câncer ser genético, se não tirasse, ele com certeza iria voltar. Ele volta", diz o músico. "A maioria dos cânceres de mama tem que fazer a cirurgia porque apesar da quimioterapia ou da radioterapia eliminar 90% da das células cancerígenas, sempre fica o resquício - e esse resquício é retirado com a o procedimento."

Hoje, passa por um rastreio de seis em seis meses para garantir que o problema não voltou, e espera estar em alta no ano que vem, quando farão cinco anos desde a cirurgia. Os exames então passam a ocorrer anualmente, depois a cada dois e a cada três anos. Fassina, que não fuma, nem bebe e tenta se manter em forma, diz se sentir bem - unhas e cabelo de volta no lugar.

Questão hereditária
Aos 38, o músico era um paciente do chamado câncer de início precoce, aquele que ocorre antes da idade de atenção. São tumores em que histórico familiar costuma cumprir um papel mais significante. Além disso, o tumor de mama em homens também é algo mais ligado à genética. "Genes que são herdados de geração em geração, que a gente chama de hereditários, são o principal risco de desenvolvimento deste câncer em homens", explica o oncologista Pedro Exman.

"[A doença] veio da parte do meu pai", resume o músico. "E eu só descobri porque ele faleceu." O patriarca havia procurado o médico após uma úlcera perfurativa, mas exames indicaram se tratar de um câncer de próstata já espalhado para o fígado, que se provara mortal.

A fatalidade em 2021, na altura da terceira sessão de quimio do filho, levou a um fio de descobertas: "Minha tia, irmã do meu pai, teve câncer de mama. Minha avó, a mãe do do meu pai, também. E meu pai, com câncer de próstata", diz, citando o fato de que ambas as modalidades da doença dividem a mesma linhagem. "Se eu não tivesse um, teria o outro, provavelmente." (No fim do mesmo ano, sua mãe também descobriu um câncer de intestino, e conviveu dois anos com a doença até morrer em 2023)

Após encarar o câncer e a morte dos pais, Rodrigo Fassina é um defensor do bem-estar psicológico para quem passa pelo que ele passou. "O pessoal que trata de câncer é acolhedor, né? Tem que ser", comenta. "Hoje em dia ajudo lá no A.C. Camargo, faço parte de um do conselho de pacientes, e sempre estou batendo na tecla de que tem que ter estímulos e terapias alternativas. Seja acupuntura, seja parte lúdica, o teatro." (Com GQ)

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