Enquanto a prefeitura de Campo Grande divulga uma série de ações comemorativas ao Dia do Trabalhador com tom otimista sobre o desenvolvimento econômico, muitos moradores da capital sul-mato-grossense convivem com uma realidade que contradiz o discurso oficial. Ruas esburacadas, serviços públicos precários, aumento do salário da prefeita Adriane Lopes (PP) e uma CPI em andamento no transporte coletivo são apenas algumas das críticas que desafiam a narrativa de progresso.
“Quero parabenizar cada trabalhador desta cidade pujante. Cada homem, cada mulher e jovem de Campo Grande. O desenvolvimento do município acontece pelas mãos de vocês. Temos grandes desafios e a Prefeitura está trabalhando incansavelmente para levar o desenvolvimento econômico e sustentável a todas as regiões. São milhares de cursos de capacitação, incentivo ao empreendedorismo, apoio a startups e, principalmente, a desburocratização que facilita a instalação de novas empresas e gera empregos. Estamos agilizando a emissão de licenças ambientais, facilitando licenças para a construção civil, canteiros de obras, de onde milhares de famílias tiram seu sustento. Também temos projetos exclusivos para mulheres, como o Mulheres Mil, Mulher Empreendedora e Escolas de Capacitação. São políticas públicas que estão sendo ampliadas e transformarão o futuro de Campo Grande”, declara Adriane Lopes.
De um lado, a gestão municipal afirma ter desburocratizado a abertura de empresas, acelerado a emissão de licenças ambientais e viabilizado a instalação de novos empreendimentos que movimentam a economia local. Dados do Caged mostram um saldo positivo de 3.803 novos empregos formais no primeiro trimestre de 2025.
A Funsat, segundo a prefeitura, foi responsável por divulgar quase 3 mil vagas e encaminhar mais de 6 mil trabalhadores a entrevistas — casos como o de Jhonatan Villamayor, contratado como motorista entregador, foram apresentados como exemplos do impacto direto das ações municipais.
Por outro lado, a insatisfação popular cresce. Aumento no salário da prefeita aprovado em meio à crise, buracos espalhados por bairros inteiros, demora em obras essenciais e a CPI dos ônibus que apura falhas na concessão e possíveis irregularidades colocam a atual administração no centro de cobranças cada vez mais incisivas. Moradores relatam dificuldades cotidianas que contrastam com o tom de “cidade pujante” exaltado nas falas oficiais.
Mesmo com os investimentos anunciados nos polos empresariais e em projetos voltados ao empreendedorismo feminino, há quem questione se essas políticas realmente alcançam as regiões mais carentes da cidade. O discurso de geração de empregos e capacitação também não se sustenta para quem enfrenta o desemprego ou vê seu bairro à margem das promessas.
Assim, enquanto a Prefeitura celebra o Dia do Trabalhador com dados positivos e promessas de futuro, muitos campo-grandenses ainda esperam que os avanços saiam do papel e cheguem de fato ao asfalto — ou à ausência dele. A cidade vive um momento em que o otimismo institucional colide com a crítica cotidiana, e a celebração do trabalho se mistura com o desejo de que a gestão também trabalhe mais pelas demandas reais da população.