O que era para ser uma ação elogiada da Polícia Militar, que protegeu uma área invadida por mais de 300 famílias e garantiu o direito de quem paga impostos e é dono da terra, se transformou em um momento de comoção e protestos na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
Durante a sessão desta terça-feira (29), deputados do PT criticaram duramente a operação, afirmando que houve uso de violência e que o despejo foi feito sem mandado judicial.
Para a oposição, o episódio escancarou dois pesos e duas medidas. “Para eles, tudo vale. Para os outros, nada pode. Quando é aliado, até invasão vira luta social; quando é adversário, é caso de polícia”, criticou um parlamentar nos bastidores, em referência à postura seletiva diante de ocupações de terra.
Pedro Kemp e Gleice Jane, ambos do PT, disseram que a terra ocupada pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Dourados, está improdutiva há 12 anos e que a ocupação era legítima, com o objetivo de pressionar pela reforma agrária.
“A ação foi truculenta e desproporcional. Não estamos falando de criminosos, mas de trabalhadores rurais que querem plantar, produzir e gerar empregos”, afirmou Kemp. Ele também lembrou que a Constituição prevê que a terra deve cumprir sua função social.
Gleice Jane reforçou que o Estado precisa dialogar com os movimentos sociais em vez de agir com repressão. “Essas famílias estavam em busca de dignidade, não de confronto”, declarou.
Respeito a quem paga impostos
Em contrapartida, o deputado Zé Teixeira (PSDB) defendeu a atuação da PM e criticou a invasão de propriedade privada. “Temos que respeitar quem trabalha, paga imposto e tem seu direito garantido pela Constituição. Invasão não pode ser tolerada”, disse.
Pedrossian Neto (PSD) também afirmou que a reforma agrária deve seguir os caminhos legais, com base em modelos sustentáveis e dentro da ordem jurídica.