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Execução de advogado pode ser recado de contraventores a exploração legal de bets

O advogado Rodrigo Marinho Crespo foi executado no centro do Rio no dia 26 de fevereiro deste ano  

30/04/2024 - 14h53

Rio de Janeiro 

Com g1

Rodrigo Marinho Crespo foi executado no Centro do Rio (Foto: Reprodução)

O Ministério Público do Rio de Janeiro suspeita que a execução do advogado Rodrigo Marinho Crespo possa ser um recado da máfia que explora a contravenção no Rio de Janeiro contra a exploração legal das apostas esportivas online – as populares bets.


Segundo a denúncia contra os envolvidos no caso, revelada pela CBN e obtida pelo blog, Rodrigo se preparava para explorar legalmente jogos online quando foi morto.


Ao mesmo tempo, o MP afirma que os contraventores, conforme informações a serem confirmadas, "estariam se aprofundando no conhecimento para exploração lucrativa de jogos de aposta online", como as bets, em processo de regulamentação no Brasil.


"Rodrigo Crespo (vítima) não negava que pretendia ganhar dinheiro, e muito, com a legalização/regulamentação da exploração de jogos de aposta online, e buscava por financiadores para a sua ambiciosa empreitada", detalha o MP no documento.


A Câmara aprovou em dezembro o projeto que regulamenta o mercado de apostas esportivas online, as "bets". A Câmara voltou a incluir jogos online, como cassinos, na regulamentação. Com vetos, o presidente Lula (PT) sancionou a lei em 31 de dezembro.


A execução, à luz do dia, na saída da OAB, é vista pelo Ministério Público como uma possível eliminação de potenciais concorrentes.


"O crime, não por acaso, foi cometido em plena luz do dia, próximo à OAB, em que pese a vítima ter sido monitorada dias seguidos, e podia ter sido executada na calada da noite, em local mais ermo. Há fortes indícios de que a malta, com a execução, tenha pretendido dar 'um recado'", diz o MP no documento, ao qual o blog teve acesso.


A Polícia Civil do Rio de Janeiro indiciou pelo crime Leandro Machado, conhecido como "Cara de Pedra"; Eduardo Sobreira Moraes; e Cezar Daniel Mondêgo de Souza, o "Russo", que estão presos.


A Justiça aceitou a denúncia do MP e tornou o trio réu pelo crime. Na decisão, também ficou determinada o afastamento de Leandro da PM e a perda de seu porte de arma.


Entenda a participação de cada um:


Leandro Machado da Silva: policial militar que, segundo as investigações, providenciou os carros usados no dia do ataque;


Cezar Daniel Mondego de Souza: apontado como responsável por monitorar a vítima. Tinha cargo comissionado com salário de até R$ 6 mil na Alerj (Assembleia Legislativa do RJ);


Eduardo Sobreira Moraes: É apontado pela polícia como o responsável por seguir os passos de Rodrigo, dirigindo o carro para Cezar enquanto acompanhavam a movimentação da vítima antes do assassinato.


Segundo o MP, câmeras de segurança registraram Eduardo Sobreira em locais próximos à casa do advogado e o GPS do veículo alugado bate com a região em que o ataque aconteceu.


Já Cezar Mondego, conforme alega o órgão, comprou um novo celular dois dias após o assassinato -- este aparelho novo foi apreendido na investigação, não o usado anteriormente. "Há troca de mensagens em que o réu Cezar Mondego 'implora' a uma terceira pessoa para deletar todo o conteúdo do celular desfeito", diz a denúncia.


A motivação do homicídio ainda é considerada incerta, mas a Delegacia de Homicídios investiga se ligações da vítima com o setor de apostas online podem ter relação com o crime.


MP: Advogado 'buscava por financiadores' para atuar com bets


O MP considera que o assassinato do advogado foi um "aviso bastante violento e ousado" contra pessoas que tentassem viabilizar a exploração de jogos de azar dentro da lei.


De acordo com a denúncia, feita pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), a máfia da contravenção "tangencia a exploração criminosa e a exploração aparentemente lícita de jogo de azar" e, para manter esse controle, elimina potenciais concorrentes "de um modo ou de outro".


Ainda na denúncia, os promotores afirmam que Crespo cancelou uma viagem ao exterior na véspera do seu assassinato. A viagem, diz o MP, teria como objetivo "negociar a sua entrada na exploração lícita, regular, de jogos de azar online."


No dia 9 de abril, policiais cumpriram mandados de busca e apreensão contra Adilson Oliveira Coutinho Filho, conhecido como Adilsinho, atual patrono do Salgueiro; e outras oito pessoas investigadas no inquérito da morte de Rodrigo Marinho Crespo.

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