A jornalista Eliane Cantanhêde provocou a ira do deputado federal Dr. Luiz Ovando (PP-MS) ao comentar com tom considerado irônico os ataques do Irã contra Israel durante participação no programa Em Pauta, da GloboNews, na última sexta-feira (20).
Ao questionar as diferenças entre os impactos dos mísseis iranianos e israelenses, a comentarista disse: “E os mísseis que efetivamente caem em Israel não matam ninguém. Tem uma mortezinha aqui, outra dali.”
A fala foi o suficiente para o parlamentar sul-mato-grossense reagir com uma moção de repúdio formal, protocolada na segunda-feira (23), em que acusa Cantanhêde de relativizar a dor das vítimas e tratar a morte de forma sarcástica.
Para ele, a jornalista ultrapassou os limites da liberdade de expressão ao banalizar tragédias humanas em meio a um conflito armado.
“O que vimos foi uma grave distorção ética e moral. Não se trata de liberdade de imprensa, mas de irresponsabilidade deliberada. A jornalista violou princípios constitucionais e profissionais ao transformar mortes em chacota”, afirma Ovando na justificativa da moção.
O documento compara a fala a uma prática de propaganda autoritária por desumanizar o sofrimento e reduzir vidas a números manipuláveis.
Retratação
A crítica do deputado ganhou força nas redes sociais, onde a declaração da jornalista também foi amplamente reprovada. Diante da repercussão negativa, Eliane Cantanhêde se pronunciou em sua conta no X (antigo Twitter), dizendo que assistiu à gravação e reconheceu que se expressou mal.
“Peço desculpas. A intenção foi fazer uma pergunta técnica sobre armamentos e sistemas de defesa, mas não me expressei bem e dei margem a interpretações equivocadas”, publicou.
Ovando espera que a moção seja analisada pela Câmara e encaminhada à GloboNews e ao Sindicato dos Jornalistas, como forma de cobrança por responsabilidade ética no exercício da profissão.