O repasse de R$ 15,8 milhões, sem edital, a uma ONG ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que tem como base o berço político do presidente Lula (PT), virou alvo de questionamentos na Câmara dos Deputados.
O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) apresentou um requerimento cobrando explicações do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, sobre o contrato milionário firmado com a Unisol, entidade que, até agora, não iniciou os serviços previstos na Terra Indígena Yanomami.
O pagamento, feito em parcela única no ano passado, foi autorizado pela Secretaria de Economia Popular e Solidária, comandada por Gilberto Carvalho, histórico aliado de Lula. A ONG funciona em uma sala no subsolo do sindicato onde o atual presidente ficou antes de ser preso, em 2018.
Para Gayer, o caso levanta uma série de suspeitas. Além de questionar a ausência de edital, o parlamentar cobra os critérios técnicos, o conteúdo do plano de trabalho e os pareceres que justificaram o repasse. Ele também pede esclarecimentos sobre as relações políticas entre os dirigentes da Unisol e membros do governo.
"Causa surpresa e preocupação que uma entidade sem qualquer histórico em ações indígenas ou logísticas tenha sido escolhida para um contrato emergencial e milionário", afirma Gayer no documento.
O deputado também chama atenção para a diferença no tratamento dado a outras organizações. Enquanto a Unisol recebeu 100% do valor contratado, o CEA (Centro de Estudos e Assessoria), também alinhado ao PT, recebeu apenas 40% dos R$ 4,2 milhões previstos.
O contrato, firmado como resposta à crise sanitária na Terra Yanomami, segue sem qualquer registro de execução, de acordo com o requerimento apresentado. (Com informações de agências nacionais)