O prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o governador do Rio Grande do Sul (PSD), Eduardo Leite, cobraram nesta segunda-feira sinalizações mais claras do governo Lula (PT) sobre reformas fiscais e melhorias na eficiência do Estado.
Há consenso entre eles, no entanto, quanto à necessidade de aprovar a reforma no imposto de renda apresentada pelo presidente. Paes e Leite inauguram a série Diálogos, do GLOBO, que promove ao longo da semana debates com diferentes lideranças políticas do país.
— Temos uma tributação no Brasil absolutamente regressiva, o mais pobre paga mais imposto. Esse debate não pode ser impedido. Até o ministro Paulo Guedes, no governo Bolsonaro, tentou apresentar uma proposta, mas só de ter falado nisso o mercado já foi à loucura — apontou Paes, aliado de Lula. — Acho que o ministro Fernando Haddad tem, em diversas oportunidades, apresentado isso. Mas é óbvio que as afirmações corretas do ministro Haddad poderiam ser acompanhadas da indicação de que poderia cortar alguns gastos, melhorar a eficiência do Estado.
Em tramitação na Câmara dos Deputados, o projeto da Fazenda de Haddad prevê a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. Já os que recebem acima de R$ 50 mil passariam a pagar uma alíquota para equilibrar o pacote do ponto de vista fiscal.
Leite, por sua vez, é mais enfático e crítico ao governo no aspecto do corte de gastos.
— Quando o arcabouço fiscal foi anunciado para substituir o teto de gastos, era consenso entre analistas que estava se apostando demais no aumento de receitas sem cortar despesas. O resultado está aí — afirmou. — A percepção que se tem na população é de que há muito apetite para arrecadar e pouco para corte de gastos. No Rio Grande do Sul, o ajuste fiscal deu ao estado a possibilidade de entregar mais, não menos.
Os dois gestores também apontaram a urgência de se pensar em uma nova reforma da previdência, considerando o volume financeiro que o sistema consome do Estado brasileiro, além das mudanças demográficas da sociedade, que está mais envelhecida.
Outro consenso entre os companheiros de partido envolve a Margem Equatorial. Eles consideram importante a Petrobras explorar a região, a despeito das questões ambientais, assim como defende a maior parte do governo Lula.
Já quando o assunto foi para a segurança pública, Paes fez questão de pontuar diferenças em relação ao aliado petista. Indicou que costuma discordar do PT no tema, que será prioritário para ele caso concorra ao governo do Rio no ano que vem.
Nos tópicos relacionados ao bolsonarismo, Paes e Leite criticaram a atuação junto ao governo dos Estados Unidos para impor tarifas ao Brasil e a pauta da anistia.
Outros debates
Na quinta-feira, no mesmo horário, será a vez do encontro entre os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Piauí, Rafael Fonteles (PT). Sexta-feira, novamente às 11h, o evento terá a presença do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e do prefeito de Recife, João Campos (PSB).
— O GLOBO reforça seu compromisso com o debate de ideias, plural e para além da polarização que limita a possibilidade de convergência no ambiente da política. A ideia é buscar, para além das divergências ideológicas, consensos em temas que serão cruciais para o Brasil dar o salto que precisa em temas como educação, sustentabilidade, responsabilidade fiscal, inovação tecnológica e futuro do trabalho, todos urgentes — afirma a colunista Vera Magalhães, mediadora dos debates.
A busca por saídas para os principais desafios nacionais está no centro da cobertura do GLOBO, tanto na cobertura editorial quanto em eventos, como o Caminhos do Brasil, Caminhos do Rio e os relacionados à COP30 que se iniciaram este ano. (Com O Globo)