Depois de quase dois anos ocupando espaços em cargos de segundo escalão no governo de Eduardo Riedel (PP), o PT decidiu deixar a base e oficializou na terça-feira (26) a entrega de todas as funções que controlava.
O movimento ocorre em meio ao acirramento da disputa política em nível nacional, com a proximidade de uma eleição novamente polarizada entre esquerda e direita.
A decisão foi comunicada durante encontro na Governadoria, com a presença de parlamentares da sigla e dirigentes locais.
O recado foi de que não há mais espaço para convivência no mesmo projeto político, principalmente após a aproximação do governador com o PL, legenda que é adversária direta do presidente Lula (PT).
O rompimento ocorre também num momento delicado para o partido em nível nacional, em meio à revelação de um novo escândalo de corrupção que envolve a gestão pública: o chamado “roubo do INSS”, estimado em R$ 6,3 bilhões.
A crise fragiliza o discurso do PT e aumenta a pressão para que a legenda se reposicione politicamente nos estados, tentando evitar desgaste ainda maior às vésperas da disputa presidencial de 2026.
Na Assembleia Legislativa, os deputados estadualis Zeca do PT e Gleice Jane já vinham alfinetando o governo tucano, mesmo usufruindo de cargos, onde o partido nomeou companheiros.
Pouca influência
Ao longo desse período, o partido manteve influência limitada dentro da administração estadual, em postos considerados secundários, mas que funcionavam como vitrine de participação no governo. A avaliação interna, porém, é de que o custo político de seguir aliado tornou-se maior do que os benefícios.
Segundo Vladimir Ferreira, presidente municipal do PT, a saída foi tratada de forma cordial. “A reunião foi de alto nível, de pessoas que são republicanas. Nós avaliamos todo o cenário político, os desafios que o PT tem pela frente e comunicamos ao governador a decisão de saída do governo”, disse em entrevista ao Campo Grande News.
Os petistas afirmam que a entrega dos 25 cargos será conduzida sem atritos ou demissões em massa, preservando a relação institucional com o Estado.
O deputado Pedro Kemp reforçou que a legenda deixa a gestão “pela porta da frente”, mas que seguirá no caminho de apoiar as políticas do governo federal em Mato Grosso do Sul.
No sábado (30), o partido oficializa a decisão em evento com filiados e deve lançar a proposta de construção de uma frente ampla de sustentação ao presidente Lula. O novo posicionamento abre caminho para que o PT se dedique exclusivamente ao cenário nacional e à organização local, já mirando os embates de 2026.