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Portugal reconhece pela primeira vez culpa por escravidão e massacre no Brasil

Rebelo de Sousa disse também que sugeriu a seu governo fazer reparações 

24/04/2024 - 13h25

Lisboa (Portugal)

Da Reuters 

Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal (Foto: Reuters )

Portugal foi responsável por uma série de crimes contra escravos e indígenas no Brasil na era colonial e deve pagar por isso, afirmou o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.


Em conversa na noite de terça-feira (23) com correspondentes estrangeiros, Rebelo de Sousa disse também que sugeriu a seu governo fazer reparações pela escravidão e afirmou que seu país "assume total responsabilidade pelos danos causados", como massacres a indígenas, a escravidão de milhões de africanos e bens saqueados.


"Temos que pagar os custos (pela escravidão). Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isso", declarou.


Na conversa, no entanto, o presidente português não especificou de que forma a reparação será feita.

É a primeira vez que um presidente de Portugal -- que é o chefe de Estado no país -- reconhece a culpa.


No ano passado, Rebelo de Sousa disse que Portugal deveria se desculpar pela escravidão transatlântica e pelo colonialismo, mas não chegou a pedir desculpas completas.


Já na noite de terça-feira, ele alegou que reconhecer o passado e assumir a responsabilidade por ele era mais importante do que pedir desculpas.


"Pedir desculpas é a parte mais fácil", disse ele.


Portugal foi o país que mais traficou africanos na era colonial. Foram quase 6 milhões deles, quase a metade do total de pessoas escravizadas à época pelos países europeus.


Até hoje, no entanto, autoridades do país falam pouco do crime, e as escolas também quase não abordam o papel de Portugal na escravidão transatlântica.


Em vez disso, a era colonial de Portugal -- durante a qual países como Angola, Moçambique, Brasil, Cabo Verde e Timor Leste, além de partes da Índia, foram submetidos ao domínio português -- é frequentemente vista como uma fonte de orgulho.


Durante mais de quatro séculos, pelo menos 12,5 milhões de africanos foram sequestrados, transportados à força por longas distâncias, principalmente por navios e comerciantes europeus, e vendidos como escravos. Os que sobreviviam à viagem foram enviados para trabalhar sem qualquer remuneração em plantações no Brasil e no Caribe.


A ideia de pagar reparações ou tomar outras medidas pela escravidão transatlântica vem ganhando força em todo o mundo, incluindo esforços para estabelecer um tribunal especial sobre a questão.

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