Atitude e altitude. Estas duas palavras de escrita parecida, mas de significados bem distintos, apareceram com frequência na entrevista coletiva do técnico Carlo Ancelotti nesta segunda-feira.
Na véspera do jogo contra Bolívia, o técnico falou sobre jogar a mais de 4 mil metros do nível do mar, em El Alto, local da partida desta terça, e também da atitude que espera da seleção brasileira.
Segundo o treinador, a postura da equipe foi o que ele mais gostou nos três primeiros jogos em que comandou o Brasil. Para o italiano, a questão comportamental é tão importante quanto a qualidade técnica e as valências físicas.
– Falo muito disso, creio que isso é a chave do êxito. Os jogadores brasileiros têm muito talento. A chave do êxito é talento mais atitude. Talento com zero atitude não ganha. Zero talento com muita atitude, também não ganha. Com a combinação entre talento e atitude pode ganhar –afirmou.
– O que eu mais gostei nesses três jogos foi a atitude da equipe. A atitude foi, na minha opinião, muito alta. Isso é uma base importante do futuro da seleção – completou.
Para a última rodada das Eliminatórias, nesta terça-feira, o técnico planeja diversas mudanças na equipe. Além de peças, ele deve mexer no sistema tático e na estratégia de jogo.
– A ideia que tenho é mudar um pouco, não só os jogadores. Agora estamos treinando, analisando o cansaço dos jogadores, depois temos que considerar que tem um componente que analisar, isso pode mudar a estratégia do jogo. Estou buscando informações com quem já jogou lá. Eu não tenho muita experiência nisso (altitude), só uma vez, em 1986 joguei o Mundial. O Brasil jogou lá muitas vezes, muitas pessoas que trabalham aqui tem experiência, os fisios, os jogadores, não é nada novo para a seleção, pode ser para mim. Tenho que confiar nas pessoas que têm mais informações que eu. A ideia que tenho é de mudar a estratégia e também alguns jogadores –disse o italiano.
Com pouca experiência na altitude, Ancelotti consultou membros da comissão técnica e conhecidos no mundo do futebol para formular a melhor estratégia para este confronto.
Além disso, ele quer aproveitar o jogo contra a Bolívia para dar mais minutos a atletas que ainda não jogaram ou que atuaram pouco sob o comando dele.
– Também (quero) conhecer jogadores que podem atuar com os outros. Ter em conta o componente importante que é a altitude para colocar no campo jogadores com mais frescor. Também como estratégia. Temos que jogar diferente do jogo contra o Chile. Foi um jogo com muita intensidade, com muita pressão. Isso na altitude não se pode fazer – explicou.
A partida desta terça acontece às 20h30 (de Brasília) e terá transmissão da Globo, sportv e ge tv. A Seleção já está classificada para a Copa do Mundo, ocupa o segundo lugar das Eliminatórias e não tem mais chance de assumir a liderança da competição. Já a Bolívia está em oitava e busca uma vaga na repescagem.
Confira abaixo outros trechos da entrevista coletiva de Carlo Ancelotti:
Balanço da data Fifa
– O bom desta data é que conheci novos jogadores. Gostei disso porque os novos ajudaram a equipe a jogar bem contra chile. Não conhecia Douglas Santos, fez uma grande partida. Gostei muito do Luiz Henrique quando entrou. O objetivo era ganhar o jogo e conhecer jogadores. Objetivo cumprido nesse sentido.
Estratégia contra a Bolívia
– A exigência que vamos ter é diferente no jogo ofensivo e defensivo. Tentar controlar os cruzamentos, os chutes de fora da área são aspectos importantes ao nível defensivo. Em nível ofensivo, entender que a bola viaja mais rápido que o normal. São coisas que temos que avaliar na estratégia.
Disputa por vagas na Copa
– Obviamente a memória conta. O Rodrygo eu conheço muito bem. Estou certo de que ele pode voltar à equipe. Agora estamos avaliando todos os jogadores, vendo nível físico, técnico e tático para formar uma equipe para o Mundial que seja a mais competitiva possível. Não há um favorito. A verdade é que o campo, não nós, vai dizer quem são os jogadores para a Copa do Mundo.
Experiência na Granja Comary
– O clima de quando eu era pequeno, esse era o clima de onde eu vivia. Nada novo. A Granja é um grande centro de treinamento. Tudo está perfeito, muito organizado. O gramado está perfeito. A equipe treinou bem. O Maracanã é um ambiente fantástico. Temos tempo para preparar. Temos que pensar quais podem ser os rivais para os jogos amistosos de novembro e março também.
Substituto de Casemiro
– Buscar um meio com as mesma característica não há. Há jogadores que podem jogar nesta posição com diferentes características, como Andrey Santos, Bruno...Acho também que, com características diferentes, pois não estou louco, Paquetá, tem habilidade, técnica para pegar a bola ali.
Bruno Guimarães
– Bruno é muito importante para a equipe, completo, pode jogar em diferentes posições no campo. Gosto muito porque trabalha muito, um jogador muito completo. Não digo titular indiscutível, mas muito importante para a Seleção.
Seleção ainda não sofreu gols com ele
– Trabalho defensivo começa nos atacantes. Se isso acontece, facilita a defesa, fica mais fácil controlar. A atuação da equipe defensivamente tem sido muito boa. Seguir trabalhando. Todos os atacantes têm que trabalhar.
Estêvão
– Muito bem, trabalhando bem, tranquilo, humilde. Vejo ele sem pressa, vai ser um jogador importante para a Seleção no futuro.
Altitude
– Eu considero isso uma experiência muito bonita. Nunca estive na Bolívia, nunca estiver em La Paz. É uma experiência importante. Tenho vontade de fazer, tenho vontade da minha equipe fazer um bom jogo amanhã. Como sempre, o objetivo é ganhar o jogo. Encantado e com vontade de chegar à Bolívia.
Dicas com Davide Ancelotti
– Eu converso com meu filho todos os dias. Não falamos só sobre futebol, mas de muitas outras coisas. Ele me falou da sua experiência (na altitude). Falei com outras pessoas, jogadores, treinadores. Temos todas as informações necessárias para tentar não se equivocar.
Marquinhos
– Marquinhos é um grande zagueiro, dos melhores do mundo, experiência, caráter, inteligência, grande capitão. Peça muito importante. Confiamos muito nele, na sua capacidade técnica, física, de caráter e personalidade. (Com ge)