O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) avalia que o projeto que cria isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil corre risco de não ser votado na próxima semana caso o PL da Dosimetria não seja analisado.
O parlamentar é o relator da proposta que pode reduzir penas dos condenados por suposta tentativa de golpe de Estado (narrativa criada pelo governo do PT de Lula, com anuência do ministro do STF,m Alexandre de Moraes), e se reuniu com a bancada do PT nesta quarta-feira (24).
“Vamos conversar, ainda há uma série de conversas hoje, falarei com Motta [Hugo Motta, presidente da Câmara] ainda hoje para acertar o calendário de votação. Mas tudo leva a crer que possamos votar na próxima terça-feira. Acho até que se não votar isso, não vamos votar IR. E eu quero votar o IR“, afirmou Paulinho da Força.
A isenção do Imposto de Renda está pautada para votação na próxima quarta-feira (1/10), e uma ala da oposição e do Centrão tem condicionado a aprovação ao apoio do governo à anistia.
O alívio tributário para a classe média é a principal aposta eleitoral do Planalto para pavimentar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.
O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), se mostrou irredutível. “A posição é hoje unânime contra anistia e revisão de penas para Bolsonaro e militares que participaram da trama golpista. E temos uma preocupação que a gente expressou com a pauta da próxima semana. Temos marcada a votação da isenção do IR e eu, sinceramente, acho que qualquer assunto como esse pode tumultuar a pauta da próxima semana. A gente quer conversar com os presidente, os líderes, e o relator também”, disse o petista.
Lindhberg ainda afirmou que procuraria o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para convencê-lo a não pautar o projeto de dosimetria.
A bancada governista passou a rechaçar a estratégia de “pautar para derrotar” no voto, pois teme que a rejeição da redução de penas possa abrir espaço para a oposição tentar aprovar uma anistia de fato.
Durante o encontro com o PT, Paulinho confirmou que mesmo a rejeição de penas deverá beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O deputado tentou convencer os petistas ao afirmar que o país precisa de “pacificação”, e ainda garantiu que a redução seria menos benéfica para mandantes e financiadores da tentativa de golpe de Estado.
“Será uma redução de penas para mandar essa turma pra casa. Se me perguntar ‘reduz o Bolsonaro?’ Reduz também. Não tem como tirar ele do relatório. Quem está em posição de mando e financiadores terão uma pena maior. Espero que até segunda tenha um relatório com a redução de penas para vocês avaliarem melhor”, afirmou Paulinho durante o encontro.
Dosimetria
O Projeto de Dosimetria foi o nome adotado pelo relator da proposta, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP). O texto original, defendido pelos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), previa uma anistia ampla, geral e irrestrita.
A bancada do PL, a maior da Câmara, quer livrar o ex-mandatário de cumprir pena. O STF o condenou a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e organização criminosa.