O STF (Supremo Tribunal Federal) retoma nesta terça-feira (14) o julgamento do chamado “Núcleo 4” da manifestação de 8 de janeiro, episódio que o governo do presidente Lula (PT) e seus aliados insistem em classificar como “tentativa de golpe de Estado”.
Para boa parte da sociedade, no entanto, essa versão se consolidou como uma narrativa política, construída com a anuência do ministro Alexandre de Moraes, com o objetivo de enfraquecer apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e manter a esquerda no poder.
Na prática, o processo é visto por setores da oposição como mais um instrumento de perseguição ideológica, que reforça o projeto de reeleição de Lula em 2026.
Mesmo dentro do próprio STF há quem reconheça exageros. O ministro Luiz Fux, por exemplo, já afirmou em voto anterior que não houve golpe de Estado, mas uma manifestação que, ainda que condenável pelos excessos, não configurou ruptura institucional.
O julgamento da ação penal contra o grupo acusado de organizar supostas campanhas de desinformação e ataques virtuais contra o sistema eleitoral em 2022 será conduzido pela Primeira Turma do Supremo, composta por Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Cármen Lúcia.
Os réus e as acusações
Sete pessoas respondem ao processo: Ailton Gonçalves Moraes Barros (major da reserva do Exército), Ângelo Martins Denicoli (major da reserva), Giancarlo Gomes Rodrigues (subtenente), Guilherme Marques de Almeida (tenente-coronel), Reginaldo Vieira de Abreu (coronel), Marcelo Araújo Bormevet (policial federal) e Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (presidente do Instituto Voto Legal).
A PGR (Procuradoria-Geral da República) os acusa de crimes como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Sessão e calendário
O julgamento começa às 9h e, nesta primeira sessão, estão previstas as sustentações orais da acusação e das defesas. A votação deve ocorrer nas próximas reuniões do colegiado, agendadas para os dias 15, 21 e 22 deste mês.
Mesmo em caso de condenação, os réus não serão presos automaticamente — caberá às defesas recorrerem.
Contexto político
O episódio de 8 de janeiro, que marcou protestos em Brasília contra o resultado das eleições de 2022, vem sendo usado politicamente desde o início do atual governo.
Críticos apontam que a insistência em rotular manifestantes como “golpistas” tem menos relação com a defesa da democracia e mais com a tentativa de criminalizar a direita e pavimentar o caminho eleitoral de Lula.
Para esses analistas, o STF se tornou um ator político ativo, especialmente sob a influência de Alexandre de Moraes, que centraliza investigações e processos envolvendo apoiadores do ex-presidente Bolsonaro. (Com informações da Agência Brasil)