Na noite desta quinta-feira (19/11), o Partido Socialista Brasileiro (PSB) decidiu o apoio a Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno da disputa da prefeitura de São Paulo (SP).
A decisão foi sacramentada numa reunião em um hotel de Brasília, que adentrou a madrugada de sexta (20/11), e o apoio a Boulos será oficializado num evento na manhã desta sexta, no lançamento "frente democrática" liderada pelo candidato do PSOL. Márcio França (PSB) não deve comparecer.
Participaram do encontro o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e o candidato derrotado do partido à prefeitura, Márcio França — o apoio a Boulos foi decidido contra a vontade deste último, que disputou o eleitorado de esquerda com o candidato do PSOL durante a campanha.
Além disso, durante a reunião, a cúpula socialista confirmou o apoio a outros candidatos de esquerda no segundo turno: João Coser (PT) em Vitória (ES), e Edmilson Rodrigues (PSOL) em Belém (PA).
Ao longo da campanha, Boulos e França tiveram várias altercações. Durante um debate promovido pela revista Veja, no começo de setembro, França levantou dúvidas sobre o currículo de Boulos — que respondeu acusando o então adversário do PSB de espalhar boatos.
Além do próprio França, também resistiam a apoiar Boulos outros integrantes da campanha, como o ex-deputado federal Beto Albuquerque.
Com a decisão desta noite, o PSB se junta aos outros principais partidos de esquerda, que já haviam firmado apoio a Boulos em São Paulo. Nos últimos dias, anunciaram apoio ao líder do MSTS (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) o PT, o PDT, a Rede Sustentabilidade liderada pela ex-senadora Marina Silva (AC) e o PC do B.
A reunião em Brasília teve a presença de outros dirigentes do PSB, como os governadores de Pernambuco, Paulo Câmara; do Espírito Santo, Renato Casagrande; e do ex-governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg. O filho de Márcio França, o deputado estadual por São Paulo Caio França, também participou.
A decisão de apoiar Boulos em São Paulo não é um movimento isolado: nos últimos dias, a direção nacional vinha pressionando pelo apoio a nomes de esquerda, como Edmilson Rodrigues, João Coser e Manuela D'Ávila (PC do B) em Porto Alegre — neste último caso, o apoio ainda não está fechado.
Assim como no caso de Boulos, a decisão de apoiar Manuela em Porto Alegre enfrenta resistências — dirigentes locais do PSB preferem o apoio a Sebastião Melo (MDB).
"Sim (houve conflito, sobre Porto Alegre)". "(Decisões sobre alianças) Têm que levar em conta também a história do partido, que tem o seu campo bem delimitado (à esquerda)", disse Carlos Siqueira à BBC News Brasil, antes da reunião com França.
"Já o Márcio (França) é um companheiro da Executiva Nacional, a gente resolve tudo no diálogo. Não tem conflito com ele, não", disse Siqueira.