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Luxemburgo explica por que aceitou "convocação" do Vasco

Novo treinador concede entrevista ao lado de Campelo e Pássaro e confia na recuperação de Talles

04/01/2021 - 16h01

Globo Esporte 

Vanderlei Luxemburgo, Daniel Félix e Antônio Mello (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco da Gama)

Anunciado no último dia 31, Vanderlei Luxemburgo iniciou sua segunda passagem pelo Vasco no último sábado. Nesta segunda-feira, no CT do Almirante, foi a vez de o treinador conceder a primeira entrevista coletiva desde o retorno. Ele afirmou que aceitou assumir o time por não ser covarde.


Luxa, ao se dizer orgulhoso de ter acatado o que definiu como convocação, deu a declaração no contexto de assumir uma equipe que, faltando 12 jogos para concluir a participação no Brasileirão, luta contra o rebaixamento. Antes de contratá-lo, o Vasco não conseguiu acerto com Zé Ricardo.


- Vendo o momento do Vasco, restando 12 jogos, e vendo o que o Vasco fez por mim... Comecei a carreira aqui, no ano passado (2019) consegui botar o Vasco na Sul-Americana. Nesse momento é muito difícil as pessoas aceitarem, mas eu não sou covarde. Estou aqui - disse Luxa.


Apresentado ao lado de Alexandre Pássaro, o novo diretor executivo de futebol, e de Alexandre Campello, atual presidente, Luxemburgo disse que, para alcançar o objetivo de manter o Vasco na Série A, o foco do trabalho estará no condicionamento físico e em tentar ao máximo não sofrer gol. Para tal, conta com o faro de artilheiro de Cano, a recuperação de Talles e em bom desempenho nas próximas cinco rodadas, a começar pelo Atlético-GO, quinta-feira, em Goiânia.


- O Vasco tem 12 jogos decisivos, e o primeiro ponto é não tomar gol. Não tomando gol, você já partiu do resultado de empate. Se você fizer 0,5 a 0, você ganha três pontos. Se você vencer três jogos, ganha nove pontos, que acrescenta muito. Se o time puder ser reativo, vai ser. Se puder ser pró-ativo, vamos fazer. Gol vai sair, até porque temos um goleador que bota a bola para dentro se ele chegar. Gol nós vamos fazer - destacou o comandante.


A primeira passagem de Luxemburgo pela Colina, compreendida entre maio e dezembro de 2019, foi composta por 15 vitórias, 12 empates e 10 derrotas. Foram 34 jogos oficiais, todos válidos pelo Brasileiro, e três amistosos. Na ocasião, o treinador lançou Talles, meia-atacante que caiu de rendimento em 2020. Luxa, aliás, disse confiar na recuperação dele:


- Estou conversando com ele e já estou identificando as coisas que aconteceram com ele. É um menino. Tem que voltar a fazer a arte de jogar futebol. Ele tem, os outros não têm.


Veja os temas abordados pelo treinador:

Salários atrasados e saída em 2020


- Se tivesse ficado algum resquício, eu não teria voltado ao Vasco. Duas pessoas discutem uma renovação. Não chegou a um acordo, não chegou. Não tem problema. Eu discuto o "para frente". O Vasco fez muito por mim. Quando o Campello me chamou, falavam que eu estava acabado. E a gente conseguiu o objetivo de ir para a Sul-Americana.


- Tenho até o dia 24 (de fevereiro) para trabalhar. Se nós não conseguirmos manter o Vasco na Série A, eu vou receber um mês de salário para o que? Deixei para o final uma premiação caso o Vasco se mantenha. Não vou trabalhar de graça, mas vou receber se atingirmos o objetivo.


Campello complementa resposta sobre salários


- A gente louva muito a atitude do Vanderlei. Qualquer trabalho pode dar certo ou não. É a mesma coisa quando opero um paciente. Agora, claro, nós entendemos que todo o trabalho deve ser remunerado.


Luta contra o rebaixamento


- Temos cinco jogos de confronto direto. Vamos pensar nisso, a nossa manutenção passa muito por esses jogos. Conversei com os jogadores, muitos me conheciam. Sabem como eu gosto das coisas.


Talles Magno


- É um moleque que foi lançado aqui com 16 anos. Eu vi em um coletivo de reservas dos juniores contra reservas do profissional. Vi esse jogador altão, mexendo com a bola, perguntei quem era. Falaram que estava no banco porque tinha 16 anos, pedi para deixar comigo. Estou conversando com ele e já estou identificando as coisas que aconteceram com ele. É um menino.


- Cheguei aqui, ele estava no vestiário fazendo massagem na mão. Perguntei se era goleiro, ele falou que estava com dor. Eu falei: "Sai daí, rapaz, vai chutar bola". É um menino bom, ele ouve, tenho certeza de que vai voltar a jogar o que jogava, é questão de ter confiança e deixar ele jogar. Ele é irreverente. Se tolher esse jogador de botar para fora o talento dele, esquece que ele não vai jogar futebol.


- Tem que deixar ele fazer tudo aquilo que os outros não sabem fazer. Ele vai ser incentivado a voltar a fazer aquilo que ele fez em São Januário, quando deu uma lambreta num jogador do Fortaleza, o cara foi expulso, nós ganhamos o jogo. Tem que voltar a fazer a arte de jogar futebol. Ele tem, os outros não têm. "Ah, mas ele não consegue marcar". Claro, se ele conseguisse, não seria o jogador que ele é para frente. Tem que dar a chance de ele poder mostrar seu potencial novamente.


Relação com a torcida


- Nas pesquisas no ano passado, os vascaínos falavam que eu era o único molambo que eles gostavam. Eu tenho um carinho muito grande. Tem um problema muito grande esse ano: nós não temos o torcedor. Mas nós temos a mídia, torcedor do Vasco. Precisamos que vocês congestionem a mídia social. Se derem porrada na gente, deem ao contrário. Se só tiver pancadaria, não vai ajudar. Eles podem ajudar muito através da mídia social.


Técnicos estrangeiros x brasileiros


- Essa discussão de estrangeiro e brasileiros existe sem uma necessidade. Tem espaço para estrangeiro e brasileiro. O que não pode acontecer é que vieram estrangeiros, e os brasileiros passaram a não prestar. Teve estrangeiro que veio e fez bom trabalho e teve estrangeiro que não fez. Não quero saber o que o Sá Pinto fez, quero saber o trabalho que vou fazer. Acho que há uma desvalorização muito grande dos técnicos nacionais. Tem bons e ruins brasileiros e estrangeiros.


Uso de jogadores da base


- Todo mundo sabe que gosto de olhar para a base. O Pec subiu comigo no ano passado e ele era um filé de borboleta. Ele encorpou, e as jogadas dele são mais decisivas do que antes. Gostei muito, mas gostei da equipe. Todo mundo acha que essa equipe ser colocada no time de cima vai salvar o Vasco da Gama. Calma! Vi o Riquelme jogando, é muito garoto, é muito franzino. O paraguaio chega bem, mas falta alguma coisa. Em todos falta alguma coisa. É muita responsabilidade para um grupo que acabou de ganhar um campeonato.


- Já temos alguns garotos da base do Vasco que já estão comigo. Caso do Juninho. Forte e meio indolente. Meio irresponsável. É meio Talles, gosta de jogar bola e fazer a coisa diferente. E fora de campo gosta de dar um namorada, eu também gostava. Achar que isso é ruim é que não está certo, não (risos).


Trabalho de apenas 12 jogos


- Você tem que antecipar etapas. Muitas coisas que faria com tempo de planejamento já serão feitas de imediato. Você vai ter que começar a montar a equipe acelerando e antecipando. O pensamento de uma temporada inteira está fora. Obviamente sem sacrificar a parte física dos jogadores. Estamos num final de temporada. Tem que arrebentar os caras porque eles estão na confusão. Você tem que dar tranquilidade para eles saírem com calma. Eles vão entrar bem preparados para jogar contra o Atlético de Goiás e para os jogos que vêm pela frente.


Comparação entre Vasco 2019 e 2020


- A base foi mantida, a base está praticamente aí. Os da base eu também já conhecia. O trabalho vai ser muito facilitado em cima disso aí. Acho que quando a Patrícia me convocou para o Flamengo em 2010, também estava numa situação parecida. Conseguimos escapar e ficamos na Primeira Divisão. Não é uma coisa nova, é uma coisa que eu tenho coragem para fazer. Vamos botar toda a experiência com a coragem para fazer arregaçar a manga. Temos muito trabalho a fazer.


Trabalho no novo CT


- Quando tive no ano passado, essa coisa não acontece da virada para a noite do vida. Não deu certo. Hoje estamos rindo e brincando, faz parte do futebol. O Vasco está começando um pontapé. Estou feliz de estar dentro de um centro de treinamento, que é um avanço. É o ideal? O São Paulo, que o Pássaro trabalhou, começou com um barracão. Depois passou a ter o melhor centro de treinamento do Brasil.

- Depois a gente tinha um alugado com vestiário acanhado, o campo alagava. Hoje você tem a sua sala, o departamento médico é totalmente diferente. Você vê uma evolução. Conquista de um CT é muito grande para o clube.


- Você não consegue trazer tudo isso da noite para o dia. São coisas gradativas. O que tem de entender é que o Vasco é para Top-6. Isso o Campello quer, o Salgado quer, o torcedor quer. Vasco tem um estádio. Se remodelar igual ao do Athletico Paranaense, vira arena modelo igual ao do Palmeiras. Queria falar disso porque eu trabalhei da montagem, das conversas (sobre o CT). Quando chego aqui e participei das primeiras reuniões, eu falo: "Opa, temos um local para trabalhar". Tudo isso é uma conquista.


Preparação física


- O perigo da parte física, e veio o (Antônio) Mello como coordenador de preparação física e o preparador Daniel (Félix). Eles vão estar juntos com fisiologista e com a parte de Ciência do Vasco da Gama. Você vai ter semana livre, vai reparar que o atleta não está no ideal e vai querer atacar a parte física. Não, você não consegue acertar isso em uma semana. Vamos usar a parte técnica e tática e 20%, 30% na parte física.


Continuidade do trabalho


- O Diniz está sendo campeão brasileiro e deve ser o campeão brasileiro, o Raí disse para não perguntarem mais sobre a possível saída do Diniz porque ele continuaria no São Paulo até o fim do Brasileiro. Se você pegar o Andrés quando o Corinthians perdeu a classificação na pré-Libertadores, ele disse: "Sai todo mundo, mas não sai o Tite".


- Quando você tem um dirigente que tem aquilo roxo e banca o profissional, você pode ter certeza que vai ter resultado. É uma coisa que observei. Foi assim comigo no Palmeiras em 1993, a torcida queria me tirar com 30 dias, e o Mustafá me segurou.


Vasco com problemas de transição?


- A transição ofensiva não se dá pela velocidade, se dá pela bola. Você tem que posicionar o jogador corretamente para que ela chegue com qualidade. Um campo 104 por 68. Se você dividir o campo em três terços, você ocupando os terços você vai estar compacto. Tanto a transição ofensiva quanto defensiva vai ser rápida.

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