Após a operação no Rio de Janeiro que resultou na morte de 121 traficantes e quatro policiais, o governador Cláudio Castro (PL-RJ) passou de herói das forças de segurança a alvo de perseguição política e judicial.
Criticado por lideranças de esquerda e pelo presidente Lula (PT), o chefe do Executivo fluminense agora enfrenta um novo revés no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), onde a ministra Maria Isabel Galotti votou nesta terça-feira (4) pela cassação de seu mandato por abuso de poder político e econômico nas eleições de 2022.
Lula e as lideranças políticas de esquerda tem usando os meios de comunicação e as redes sociais para criticar a ação, mesmo sabendo que os policiais foram cumprir mandados de busca e apreensão nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, sendo recebidos a tiros a bombardeios de granadas lançadas por drones.
A relatora também defendeu a inelegibilidade por oito anos e a realização de novas eleições no estado. O voto atinge ainda o ex-vice-governador Thiago Pampolha (MDB), o ex-presidente da Ceperj (Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos), Gabriel Rodrigues Lopes, e o deputado estadual Rodrigo Bacellar (União-RJ), ex-secretário de Governo.
O julgamento atende a recurso do MPE (Ministério Público Eleitoral) e da coligação do ex-deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que buscam reverter a decisão do TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro), que havia absolvido Castro e os demais investigados.
O processo trata de supostas contratações irregulares e uso político de programas da Ceperj e da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
Em seu voto, a ministra afirmou que as contratações ocorreram “à margem das normas constitucionais”, com pagamentos feitos “na boca do caixa”. Testemunhas relataram ter sido coagidas a trabalhar na campanha de Castro em troca da manutenção do emprego. “O governador aparece numa posição central de execução do esquema ilícito”, afirmou Galotti.
Após o voto, o julgamento foi suspenso por pedido de vista do ministro Antônio Carlos Ferreira, sem data definida para retomada. O MPE sustenta que Castro usou estruturas do governo para fins eleitorais, contratando mais de 27 mil pessoas e movimentando cerca de R$ 248 milhões em recursos públicos.
Na defesa, o advogado Fernando Neves alegou que Castro apenas sancionou leis aprovadas pela Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) e não pode ser responsabilizado por eventuais irregularidades. “Se um motorista do tribunal toma uma multa, não se pode culpar a presidente”, comparou.
Enquanto enfrenta críticas e pressões políticas, Castro reforça apoio junto à base conservadora e às forças de segurança, cenário que acirra ainda mais a disputa entre governo estadual e setores ligados ao Palácio do Planalto. (Com informações da Agência Brasil)
