A Polícia Federal identificou planilhas detalhando pagamentos de propina supostamente destinados a dirigentes do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e até a agentes políticos.
O material, segundo o portal Contra Fatos, foi localizado durante as investigações sobre um esquema operado dentro da Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais) e encaminhado ao ministro André Mendonça, do STF (Supremo Tribunal Federal).
A decisão judicial resultou na prisão preventiva de dez pessoas e na execução de 63 mandados de busca e apreensão.
Entre os nomes citados nas planilhas, o mais recorrente é o de Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS, preso na operação desta quinta-feira, 13. Identificado pelo codinome “italiano”, ele teria recebido R$ 250 mil por mês em propina, segundo a PF.
As apurações indicam que a Conafer recebeu R$ 708 milhões provenientes de convênios com o INSS. Deste total, 90% teriam sido desviados para empresas de fachada e contas controladas por operadores financeiros. O presidente da entidade, Carlos Roberto Ferreira Lopes, alvo de mandado de prisão, ainda não foi localizado.
PF aponta repasses para “heróis” e “amigos”
O operador financeiro Cícero Marcelino de Souza, também preso, é apontado como responsável por coordenar os pagamentos ilícitos. As planilhas e mensagens apreendidas registram repasses destinados a “heróis” ou “amigos” — termos usados, segundo a PF, para se referir aos beneficiários do esquema.
As movimentações bancárias identificadas nas contas de empresas vinculadas a Cícero coincidem com os valores e datas descritos nos documentos. A corporação afirma que ele operou “centenas de milhões de reais”, distribuindo recursos para servidores e políticos envolvidos.
As investigações indicam que Stefanutto recebia sua parte do esquema por meio de empresas de fachada, entre elas uma pizzaria. A PF sustenta que ele atuou para garantir a continuidade dos repasses irregulares feitos pelo INSS à Conafer.
Outro nome destacado é o do ex-procurador-chefe do INSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, mencionado nas conversas como “Herói V”, “Amigo V” ou “Procurador”. A quebra de sigilo bancário revela que ele teria recebido R$ 6,57 milhões em propina entre 2022 e 2024, por meio de empresas ligadas a Cícero. Durante esse período, segundo a PF, Virgílio defendeu o desbloqueio de pagamentos suspeitos que estavam retidos no INSS.
